Jogo de aparências no destino de Guaratiba

ps modificado

Depois do fracasso retumbante que se tornou a “terra prometida” no Campus Fidei (por que persiste essa tendência católica em manter viva uma língua morta?) ou, em bom português, no Campo da Fé, em Guaratiba, e também por conta da enorme repercussão negativa pelas redes sociais dos gastos inúteis em estrutura num evento que não aconteceu por falta de estrutura, é claro que a Igreja e as autoridades iriam estudar uma forma de limpar a barra da organização da Jornada Mundial da Juventude.

Primeiro foi o prefeito do Rio, que anunciou a desapropriação por via judicial do terreno para a construção de um conjunto habitacional “para os mais pobres”. Depois foi a Igreja Católica que, apesar de ter vindo ao Brasil “sem ouro nem prata”, como tratou logo de avisar Sua Santidade o papa Francisco, “investiu ali muitos recursos que não poderiam ser desperdiçados”, segundo Eduardo Paes. Mas não, a Igreja não está cobrando o prejuízo. O investimento vai ficar como “doação”. Nada mais justo, para quem recebeu mais de 100 milhões dos cofres laicos para a organização do evento religioso.

Nesse jogo de aparências e bondades e toda essa repentina compaixão das autoridades pelos pobres de Guaratiba, quando saímos dos discursos preparados e vamos para o plano da realidade, começam a surgir os problemas. Primeiro, o terreno em questão é uma área de Proteção Permanente, por se tratar de um manguezal, e o Ministério Público vem investigando seu loteamento clandestino. Segundo, conforme denunciou o Jornal O Dia, o espaço de 2 milhões de metros quadrados pertence a Jacob Barata Filho, um dos magnatas do transporte rodoviário da cidade e grande financiador da campanha do prefeito. Terá Eduardo Paes a coragem de desapropriá-lo como fez com centenas de famílias pobres pagando uma indenização bem abaixo do valor real das propriedades, ou a indenização para a família Jacob será superfaturada, quando “especialistas” poderão avaliar o terreno 3, 4, 5 vezes acima do que realmente vale?

Vamos ficar de olho.





Comentários

  1. Religião sempre sendo usada em jogo político.
    É interessante como as maiores financiadoras de campanhas são sempre favorecidas.
    Passou da hora do financiamento ser 100% público e acabar com esses rabos presos.

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    Respostas
    1. Concordo plenamente com a sua opinião. Financiamento público de campanha tem que ser a regra, apesar das pessoas pensarem que não devem pagar por isso. Mas elas não sabem que no fim das contas sai mais barato do que ter um governo nas mãos de empresas e bancos.

      Grande abraço.

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