Publicidade de estatais, ou como o governo alimenta os inimigos

Publicidade Estatal

A atuação golpista da grande mídia na campanha eleitoral contra o governo foi tão severa, que reacendeu nos círculos progressistas da sociedade a necessidade premente de pluralizar e democratizar as mídias brasileiras. Os governos petistas, nestes 14 anos de poder, jamais levantaram essa bandeira de forma contundente. E pra piorar ainda mais a situação, são os grandes responsáveis em alimentar os veículos que não tem a menor vergonha de se virar contra próprio governo que os patrocina.

Gastos com publicidade dispararam no governo Dilma

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, os números da publicidade estatal em veículos de comunicação nos últimos 14 anos foram divulgados após ação movida por eles na Justiça. Certamente o jornal desconfiava que as empresas estatais estivessem gastando milhões em sites e blogs simpáticos ao governo, mas os números divulgados mostram exatamente o contrário disso.

Saiba mais: A Folha descobriu que Fórum não recebe quase nada do governo federal

Nesse período dos governos petistas, as empresas estatais – majoritariamente a Caixa, a Petrobras e o Banco do Brasil – gastaram quase R$ 16 bilhões em publicidade para promoção dessas empresas em propagandas de rádio, TV, internet e revistas das grandes mídias, as maiores beneficiadas do bolo. Patrocínios a eventos esportivos e culturais não entraram nessa conta. Sites e blogs simpáticos ao governo, ficaram com uma ínfima parte.

A grande revelação desses dados – e que não podemos chamar de surpresa – foi a relação dos maiores contemplados: justamente aqueles veículos da mídia comercial que não se furtam a atacar o próprio governo que os financia: nesses 14 anos de governo petista, as organizações Globo ficaram com R$ 4,2 bilhões, seguidas pela TV Record (R$ 1,3 bilhão), o SBT (R$ 1,2 bilhão) e a Bandeirantes (R$ 1 bilhão). A reportagem afirma ainda que o primeiro grupo da lista de empresas que não tem TV como seu principal negócio é a Abril, que recebeu R$ 298 milhões das estatais, seguida pela Editora Globo, com R$ 248 milhões. A própria Folha foi uma das maiores contempladas:

A Empresa Folha da Manhã, que edita a Folha e o jornal "Agora São Paulo", aparece em 11º lugar na lista, com R$ 206 milhões. Em seguida vem o jornal "O Estado de S. Paulo", com R$ 188 milhões.

O UOL, que pertence ao Grupo Folha, aparece em primeiro lugar na lista dos portais de internet, com R$ 45 milhões em publicidade.

A regulação das mídias, sua democratização e pluralização através de uma lei de médios nos moldes que já foram implementados em países democráticos é uma luta difícil que envolve disputas políticas, interesses comerciais, embates ideológicos, e que promete ser uma das tarefas mais árduas daqueles setores mais progressistas da sociedade. Muito mais simples, rápido e inteligente, seria cortar, ou ao menos, diminuir a verba de estatais destinada a publicidade nestes veículos que promovem campanha sistemática contra o próprio governo. Mas Dilma Rousseff já deu mostras de que não fará nem uma coisa, nem outra. Um grande erro que pode custar bem caro ao governo que insiste em virar as costas a quem lhe deu apoio, e apoiar aqueles que lhes viram as costas.





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