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Mostrando postagens de março, 2014

E se o Maracanã também tivesse um “Marco Civil”?

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Quer ter uma boa ideia do que aconteceria com a internet no Brasil, se o Marco Civil recentemente votado e aprovado na Câmara não contemplasse o princípio da neutralidade ? É só dar uma olhada no que fizeram com o Novo Maracanã e seu público estratificado por faixa de renda. Alguns anos atrás, ir no Maracanã era um programa sem distinção de classes. Tanto o pobre quanto o rico podia assistir aos jogos sem nenhuma diferenciação na parte do estádio que quisesse, pois o Maracanã, basicamente, tinha apenas três setores para o público, nenhum com grande diferença de preço e de localização: geral, arquibancada e cadeiras inferiores . Pagando um ingresso para algum desses setores, você ficava na localização que quisesse, tanto atrás dos gols quanto na parte centralizada, sem diferenças. Já nas reformas para os jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro em 2007, começou a discriminação nos setores. A parte central das arquibancadas, com visão privilegiada do campo, foi separada por grades e co

Internautas vencem queda de braço com o lobby das teles no Marco Civil

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Com a aprovação do Marco Civil da internet , que foi tema de inúmeras discussões na Câmara de Deputados nos últimos cinco meses, idas e vindas do governo, crise da presidência com a base aliada e trancamento de pautas, acabou prevalecendo o bom senso e os interesses daqueles a quem aquela Casa fora designada para representar. Muito bem, foi a vitória da democracia, da neutralidade e da privacidade dos usuários de internet brasileiros, que, ao que tudo indica – salvo alguma reviravolta inesperada no Senado – terão o Marco Civil pelo qual fizeram enorme campanha a garantir o tratamento igualitário na internet para todos. Mas se o projeto era tão favorável para os internautas, por que foi preciso uma mobilização tão grande, um debate tão acalorado e discussões tão fortes sobre o assunto ? Quem poderia ser contra tudo isso? São esses detalhes que não podemos deixar passar em branco, se quisermos entender o que sempre está em jogo na política nacional. Políticas e politicagens Alguns hã

Karl Marx e a liberdade de imprensa

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Sérgio Augusto é um polêmico e erudito articulista brasileiro, virtudes que o permitiram escrever crônicas de sucesso em duas revistas com públicos bem distintos: a escrachada Bundas e a sofisticada Bravo! , ambas já extintas. De vez em quando ele invertia os papéis e fazia piada numa e falava sério na outra, como em junho de 2000, quando resolveu falar de liberdade de imprensa na revista Bundas com uma análise da atuação jornalística de Karl Marx. Um dos méritos do Sérgio Augusto naquele artigo, além de resgatar a faceta jornalística de Marx – quase sempre preterida pelo Marx filósofo, sociólogo e economista – foi demonstrar como o jornalismo perdeu a profundidade e o senso crítico desde aquela época, quando Marx trazia casos como, por exemplo, o da duquesa de Sutherland, na Inglaterra, famosa ao levantar a voz contra a escravidão na América, em meados do século XIX. Marx não se comoveu com o antiescravismo da duquesa e enquadrou-a, inapelavelmente, entre aqueles filantropos que só

O que motiva a nova “Marcha da Família”?

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Estamos vivendo um momento de reflexão no Brasil, nas vésperas dos 50 anos do golpe militar que passou por cima da justiça, da democracia, da constituição e da vontade popular em 1964 para defender os interesses cristãos capitalistas de uma determinada parcela da sociedade. Tal arbitrariedade condenou o país a 21 anos de trevas em diversos aspectos, fomentando o sucateamento da educação, a desvalorização dos professores – tidos como perigosos –, dos serviços públicos, perseguições políticas, proteção de corruptos, abandono do setor social e etc. Tal cenário, cuja herança pagamos caro até hoje, não parece sensibilizar os atuais herdeiros daqueles mesmos setores privilegiados que, pouco antes do desencadeamento do golpe, foram às ruas em nome de lemas genéricos como “ família ”, “ deus ”, “ liberdade ” pedir aos militares a derrubada de coisas bem mais concretas e importantes, como reforma agrária , justiça social e fim da desigualdade social . Esses descendentes dos golpistas, hoje, dia

Falta de cultura científica cria dependência tecnológica

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Atualizado em 20 de maio de 2015 Neil DeGrasse Tyson (imagem acima), apresentador da reedição da série Cosmos e do programa de entrevistas Star Talk , é sem dúvida uma das figuras mais populares dentre os cientistas no mundo. Além de ser um importante astrofísico, ele também atua na defesa do pensamento crítico e disseminação dos métodos científicos, trabalhando para que o governo do seu país invista cada vez mais na cultura científica. Mas por que isso seria tão importante? Apesar de parecer uma pergunta óbvia, o fato é que o conhecimento de base científica vem declinando de prestígio nas últimas décadas pelo mundo, o que sugere que as pessoas não têm percebido o quanto suas vidas estão diretamente relacionadas com as descobertas da ciência e da tecnologia. Além disso, as empresas que atuam na área de tecnologia e pesquisa têm trabalhado para assegurar um rigor cada vez maior sobre a propriedade intelectual, obrigando os países menos desenvolvidos a uma dependência tecnológica. Aqu

Não mexam com a nossa cerveja

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Às vezes dá a impressão de que brasileiro nasceu para se dar mal na vida mesmo. E ele parece não ligar muito. Não sei se por culpa da nossa histórica herança católica que fomenta a prostração conformada, ou por conta mesmo de uma elite egoísta que quer tudo pra si. Mas  o fato é que sempre somos obrigados ter o de menos e pagar sempre o de mais. Nossos carros “populares” custam mais caro que os possantes de luxo estrangeiros; nossos shows musicais custam 2 vezes mais do que lá fora; nossos transportes públicos são horríveis apesar das tarifas estratosféricas; nossos empresários adulteram alimentos e até a gasolina, como traficantes de drogas que colocam talco na cocaína para render mais; nossos políticos recebem os maiores salários do mundo para trabalharem apenas na quarta-feira… A lista de sacanagens é infinita. Estava até dando pra aturar. Afinal, ainda temos a nossa cerveja sagrada para beber e fugir dos problemas. Temos? Mas não é que resolveram adulterar até a nossa cerveja??

Mais um policial morreu. Culpa dos Direitos Humanos?

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Na noite da última quinta-feira (7/3) o soldado da polícia militar Rodrigo de Souza Paes Leme (imagem ao lado) foi morto com um tiro no peito durante patrulhamento no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. É o décimo soldado morto desde 2009, ano de criação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e o quarto só nos últimos 5 meses em regiões ditas “pacificadas” pelo Governo do Estado, o que mostra um aumento significativo do número de PMs mortos nos últimos tempos. A partir de mais esse episódio lamentável de violência, começaram a surgir críticas por parte de alguns internautas nas redes sociais à atuação dos defensores dos Direitos Humanos . De alguma forma, algumas pessoas, levadas pelo calor dos acontecimentos e por uma constante incapacidade de discernimento que permeia a opinião pública brasileira – sempre raivosa, sempre ignorante dos fatos, quase nunca ponderada ou coerente –, quiseram colocar na conta dos “ Direitos Humanos ” (tida sempre como uma entidade abstrata)

Corrupção como distração de problemas maiores

Aqui no Panorâmica Social , eu já falei uma vez sobre um artifício da retórica muito utilizado para desviar a atenção de um assunto para outro, no intuito de ocultar a verdade. Trata-se do Arenque Defumado (veja AQUI ). A  grande imprensa e os governos neoliberais são mestres nesta estratégia. Um de seus arenques defumados preferidos é martelar o problema da corrupção : como é conveniente concentrar todos os problemas político-econômicos e incompetências governamentais num único e genérico alvo! O país não cresce? Culpa da corrupção. Nossos governantes não atuam como deveriam? Culpa da corrupção. A pobreza aumenta? Culpa da corrupção. Mas a corrupção nem de longe é a principal fonte de nossos males, como veremos. Corrupção e crescimento Se olharmos alguns dados econômicos sobre o assunto, talvez nos surpreendamos de como temos ouvido coisas que não correspondem necessariamente à realidade. Vamos quebrar alguns paradigmas: corrupção não é coisa somente de países pobres. Nem é uma pr

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