Sete em cada dez brasileiros não leram um livro sequer ano passado
Uma das notícias mais desalentadoras desses últimos dias foi a divulgação de uma pesquisa da Federação do Comércio do Rio de Janeiro sobre o número de leitores de livros no Brasil no ano passado: apenas 3 em cada 10 leram pelo menos um livro. Ou seja: 70 por cento dos brasileiros não leram um livro sequer no ano de 2014. Isso é simplesmente estarrecedor.
Aparentemente pode-se concluir que se trata de uma questão secundária: “e daí que caiu o número de leitores? Temos o aumento do acesso à internet e isso compensa”. Não, não compensa. Não é a mesma coisa. Assim como a TV nunca compensou.
Um livro exige e privilegia a concentração, a dedicação de muitos minutos seguidos em um mesmo tema, e fornece assim um conhecimento profundo sobre determinado assunto. Já a internet, apesar de ter colocado à nossa disposição milhões de possibilidades de acesso à informação, transformou nossa capacidade de concentração em uma ervilha. Hoje os jovens não conseguem se concentrar em nenhuma tarefa por um período superior a 5 minutos, e vários artigos e postagens de internet já se adaptaram a isso para fornecer textos que levam cada vez menos tempo de leitura, ou seja, com conteúdo mais resumido e superficial. O que será dessa geração, ou o que será do conhecimento humano, quando esse tipo de modelo prevalecer daqui a algumas décadas, se nada for feito?
No Brasil, a coisa é ainda mais grave. Muitos países europeus e os Estados Unidos, não por acaso na liderança do mundo hoje em matéria de ciência e tecnologia (que, obviamente, se reflete na economia) deram a largada para a erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino já século XIX. Portanto, suas populações se encontravam muito mais desenvolvidas e preparadas na época que a televisão deu as caras como a nova tecnologia em meados do século XX. Por terem uma ampla parcela de leitores, alguns países tiveram na televisão uma mera fonte de entretenimento, não de saber.
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Infelizmente o Brasil assistiu a chegada do aparelho de televisão no momento em que mais da metade da sua população ainda era analfabeta. Então demos um salto da ignorância para a TV sem passar pelos livros, o que nos tornou uma nação que passa a vida diante da televisão assimilando passivamente o que recebemos como verdade e informação. Agora a internet vem tomando aos poucos a supremacia da TV, mas como todos sabemos, sem capacidade crítica de discernir as toneladas de informações que aparecem no monitor do PC, o brasileiro consome o que estiver disponível do mesmo jeito. Em 1 minuto lendo uma postagem sobre um determinado e complexo tema – por exemplo, a legalização das drogas – ele acha que já sabe tudo sobre o assunto, e assim despeja falácias na internet, que por sua vez ajudam a realimentar o senso-comum da profundidade de um pires que sempre circula na maioria dos portais e sites.
Isso não explica muita coisa do que temos visto ultimamente no nosso país?
Postei no meu face, o texto teve mais de 70 curtidas. Um texto claro e com um requinte irônico que abre os olhos dos adolescentes, nem que seja por alguns instantes.
ResponderExcluirObrigado meu caro. Seja bem vindo.
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