Lula possível candidato em 2018. Resta saber ao lado de quem

Lula

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, tendo em vista o fracasso do governo Dilma,  já demonstrou estar bastante preocupado com o legado político do seu lulopragmatismo. Já anunciou por diversas vezes que, “se necessário”, sairá candidato a presidente mais uma vez nas eleições de 2018. Mas a tarefa não será tão fácil como ele e seus ardorosos militantes parecem pensar.

Em 2002, quando foi eleito a primeira vez, Lula já não era mais o mesmo. Precisou fazer uma série de suavizações no discurso e concessões com a classe política mais conservadora. Naquela época, as classes dominantes precisaram encontrar uma figura carismática e popular para dar prosseguimento à agenda econômica dos antecessores tucanos, desgastados por conta  dos governos de pedigree assumidamente neoliberais de Fernando Henrique Cardoso. Na falta de um legítimo líder com aceitação popular, as classes dominantes encontraram em Lula o serviçal perfeito para a função, e toleraram que ele fizesse o papel de apaziguador dos conflitos sociais nascidos da insatisfação geral com os rumos econômicos do país.

Com a ajuda dos marqueteiros, surgiu o “Lulinha paz e amor” e sua Carta aos Brasileiros, que, segundo o insuspeito Paulo Henrique Amorim, foi redigida pelo nefando Antônio Palocci com a consulta a João Roberto, filho de Roberto Marinho. Essa rendição ideológica pode muito bem ser entendida como a primeira de uma série de traições aos anseios do povo e um compromisso assumido com o poder econômico nacional e internacional. O primeiro estelionato eleitoral que marcaria as campanhas presidenciais do PT a partir de então.

Assim, para ser, repito, tolerado pelas classes dominantes e pelas velhas raposas políticas do país, o Lulinha teve que fazer diversas guinadas à direita. Principalmente ao lado do PMDB, partido que, desde a redemocratização, funciona como um apêndice parasita de qualquer governo, usando sua força eleitoral para sugar cargos e recursos do executivo em troca de “governabilidade” no Congresso. Assim tem sido desde 2002 com o PT no poder. Pelo menos até agora.

O problema é que o PMDB, pela primeira vez desde 1989, sentiu que pode, ele mesmo, lançar seu próprio candidato a presidente. É o que cogita o partido, tendo em vista a covardia e a fraqueza inacreditáveis do atual governo Dilma. Ora, se já governam de fato, por que não de direito?

Isso causaria um enorme transtorno às pretensões de Lula. Pois com candidato próprio, forte, as oligarquias, a burguesia e toda a elite nacional podem prescindir da incômoda, mas até então útil figura do Lula apaziguador que despolitiza as massas. Essas classes sociais sentem que chegou a hora de retomarem mais uma vez o controle direto da política, sem lacaios travestidos de “estadistas”.

Mas então surge a questão: se não for para servir às elites, para quem Lula vai governar? Com quem vai se aliar em 2018?

Com o PMDB não poderá. Com os partidos de esquerda, do ponto de vista das classes dominantes, será apenas mais um Brizola a ser deslegitimado aos olhos da opinião pública. Se com Brizola, que tinha uma biografia irretocável e uma conduta totalmente ilibada, as mídias burguesas conseguiram destruir o seu capital eleitoral, imagina como seria fácil fazer o mesmo com o Lula e as tantas suspeitas que envolvem o seu nome. Além disso, desde que optou por despolitizar as camadas mais pobres e abandonar as bandeiras dos movimentos sociais em nome da “paz entre as classes”, Lula perdeu grande parte do seu prestígio nas esquerdas.

Pelo andamento das coisas, só falta surgir uma bizarra coalizão nacional entre PT-PSDB para derrotar as forças oligárquicas do PMDB. Imaginem… Lula presidente, Alckmin vice… Surreal? Pois tal aliança já acontece a nível municipal há muito tempo. Em 2004, por exemplo, a “esdrúxula” dobradinha PT-PSDB elegeu 149 prefeitos. 

Seria apenas a consolidação daquilo que todos já sabem há muito tempo. Ambos os partidos têm muito mais em comum do que os petistas gostariam de admitir. Ou então Lula vai para o pleito sem a base de outrora, manchando sua reputação política com uma derrota eleitoral depois de governos bem avaliados na condução da economia. Leia-se, depois de satisfazer os interesses de banqueiros e empresários a ponto de ser laureado com prêmios pelo mundo capitalista.





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