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Mostrando postagens de outubro, 2013

A classe média e o medo do povo

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Em 1848, a Europa foi sacudida por uma série de revoluções populares que se alastraram como fogo e que entraram para a história como a Primavera dos Povos . Porém, tão rápida quanto se espalharam, também foram derrotadas pela reação conservadora, com a ajuda de uma aliada inesperada que fez  a diferença na balança. Em menos de 3 anos, praticamente todos os regimes monárquicos derrubados foram restaurados no continente. Por que isso aconteceu? Uma das causas principais daquele fracasso, conforme veremos, pode nos ajudar a entender um pouco melhor dos protestos que estamos vivendo atualmente em nosso país, guardadas as devidas proporções, é lógico, que clamam, senão por uma revolução, ao menos por reformas na sociedade e na política. Principalmente o comportamento reacionário das classes médias brasileiras com relação aos conflitos sociais e a greves dos trabalhadores que buscam melhorar as condições de vida de si próprios e do país inteiro. Populares nas ruas, a classe média em casa

Partidos Políticos, Dilma e o Leilão do Pré-Sal

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  “Enquanto no resto do mundo os países exportadores de petróleo ficam com 80% do óleo-lucro - uma média de 72% do óleo produzido -, o governo brasileiro fixou para o leilão de Libra o pagamento mínimo de 41,65% à União” Fernando Siqueira Dizem que o brasileiro não sabe votar. Que ele vota sempre nos piores políticos por falta de conhecimento e de interesse, e que o resultado é esse que vemos em todas as eleições: cada político pior do que o outro eleito em todas as eleições. Não estou aqui para negar que haja realmente uma grande parcela de pessoas que simplesmente aperta os botões da urna eletrônica por obrigação ou até por interesses egoístas – troca de favores com políticos da região como óculos novos, uma vaga para um parente num hospital, e etc. – mas as pessoas esquecem o outro lado dessa moeda: a mentira que se tornou a campanha eleitoral e alguns partidos políticos que prometem e não cumprem. Ou pior: fazem completamente ao contrário do que prometeram. Antes da eleição,

Política burguesa: um negócio de família

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Durante muitos séculos, prevaleceu no mundo político o costume da hereditariedade no poder . O monarca governante transmitia automaticamente, sob as bênçãos da autoridade religiosa, o poder para seus próprios descendentes – geralmente o filho primogênito. O monopólio do exercício político ficava assim assegurado durante várias gerações para sua família. Os burgueses revolucionaram a política no século XVIII ao romper com os costumes e as tradições do mundo feudal, e dentre as instituições que foram criticadas e combatidas estava a da hereditariedade no poder. A partir de então, o poder não mais emanava da vontade de deus e de alguns poucos escolhidos, mas do próprio povo. Através das eleições, o povo, teoricamente, elegeria alguém de seu próprio meio para governar em seu nome. E assim se colocaria fim na transmissão de poder dentro das mesmas famílias, favorecendo a competência individual. Colocaria? Como muitas das bandeiras burguesas – igualdade, justiça, etc. – esta também só fico

Nossa internet é tão ruim que o governo quer investir no setor

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Internet é só um mero negócio de venda de serviço privado ou também faz parte de uma estratégia nacional de desenvolvimento? A resposta a esta pergunta é determinante para que o governo tome ou não uma medida futura sobre o modelo de banda larga que é fornecido no Brasil. A falta de investimentos das empresas de internet privadas no país e a consequente queda de qualidade fizeram com que os parlamentares brasileiros discutissem a possibilidade da Lei Geral de Telecomunicações ( Lei 9472/1997 ) ser alterada para permitir investimentos públicos diretos. Atualmente o setor é exclusivamente operado por empresas privadas, e acredito que não haja muita gente satisfeita com ele. (Responda à enquete ao lado). O Brasil tem realmente ficado pra trás em comparação até com países em situação econômica mais desfavorável. As promessas dos privatistas tucanos em 1998 eram de revolucionar a telefonia e a internet no país com as privatizações, mas passados 15 anos desde as entregas operadas pelo gove

Passando a limpo a Polícia Militar do Rio de Janeiro (parte 2): as principais mazelas da instituição

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  Não é tarefa fácil destacar apenas três dos inúmeros problemas que assolam as polícias militares do país, em especial a do Estado do Rio de Janeiro. Mas creio que é possível ter uma ideia da gravidade das mazelas que assolam essa instituição se focarmos nas denúncias mais comuns recebidas pelas Ouvidorias de Polícia do Rio: violência policial, abuso de poder e corrupção. Torturas Desde junho, a sociedade brasileira tem sido apresentada a uma faceta policial altamente violenta e repressora que ela só via pela TV, mas que as populações das comunidades carentes já conheciam há muito tempo. O que essas comunidades também conhecem na pele é o método de extração de confissões através de torturas. Foi assim que a polícia militar matou o pedreiro Amarildo e tantos outros antes dele, fora os que sobreviveram a esses atos bárbaros e não condizentes com os direitos humanos.   A tortura é uma mazela persistente nas delegacias e prisões brasileiras. Num senso publicado no livro Quem vigia os

Mídia, Polícia e Manifestações

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Ontem eu tive o privilégio de assistir a uma aula aberta do professor da UERJ e especialista em Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, no auditório desta Universidade, que, na verdade foi um debate com uma mesa que contava com o deputado Marcelo Freixo, o delegado de polícia civil Orlando Zaccone e um representante da Mídia Ninja. Os temas não poderiam ser mais pertinentes neste momento que vivemos no Brasil e em especial no Rio de Janeiro: política, polícia, as novas mídias e as manifestações. Acho interessante trazer e comentar alguns assuntos que considerei mais importantes nas palestras. As bombas de efeito moral enriquecem os fabricantes Penso que, hoje, o problema da brutalidade policial seja o tema mais oportuno, e por isso mesmo o delegado Zaccone foi o que trouxe os dados mais relevantes da noite. E não por acaso foi o que teve que responder a mais questionamentos quando as perguntas foram abertas ao público. O delegado chamou a atenção para um fato que pouca gente até ago

Passando a limpo a Polícia Militar do Rio de Janeiro (parte 1)

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  As modernas instituições policiais surgiram na Europa a partir do século XIX, na esteira do crescimento dos conflitos de classe nas sociedades industriais. No papel, as polícias deveriam apresentar-se como alternativa tanto ao uso da força privada, quanto ao emprego dos exércitos contra a população civil. A tensão gerada pelo conflito entre os direitos individuais e o uso da força estatal sempre esteve presente desde a origem das polícias militares. Ao longo do tempo, a violência desmedida, a arbitrariedade, as torturas e execuções sempre mancharam a reputação dos policiais não só no Brasil, como em vários outros países. A solução que alguns deles encontraram foi um maior controle externo dessas instituições, com modelos variados – e resultados também diferentes. Desde junho deste ano, a sociedade brasileira vem acompanhando protestos dos mais variados segmentos da sociedade, pelos mais variados motivos. E o que mais vem chamando a atenção em todos eles é o comportamento desumano,

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