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Mostrando postagens de julho, 2014

Um novo mundo não-estadunidense no horizonte

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Aquela reunião realizada em Fortaleza entre os líderes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que contou, dias depois, com o apoio de países da América Latina através da UNASUL em Brasília, tem uma representatividade que até agora não se pôde mensurar exatamente. O que parece é que o encontro, que culminou com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, está inserido num contexto mais amplo de um mundo multipolar, sem a tutela econômica da “trindade profana” – FMI, OMC e Banco Mundial – e, por consequência, dos Estados Unidos. O Novo Banco de Desenvolvimento, a princípio, foi criado para uma “rede de proteção” aos países-membros, mas numa perspectiva a longo prazo, certamente rivalizará com os ditames neoliberais do Fundo Monetário Internacional, que representa a linha econômica ortodoxa que começa a incomodar até mesmo os países europeus, vítimas da crise capitalista da qual até hoje mal conseguiram se recuperar. Hoje em dia, os Estados Unidos tremem ante a conc

Dunga e a imprensa

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Desde a contestada escolha de Dunga como técnico da seleção brasileira, temos assistido a imprensa esportiva se comportar de forma bastante crítica ao novo comandante. Pelo menos duas vertentes são bem definidas: a das Organizações Globo, e da ESPN. Os jornalistas da Globo se posicionam contra a escolha de Dunga porque já identificaram – corretamente, diga-se de passagem – uma das principais intenções da Confederação Brasileira de Futebol: acabar com a farra da emissora com a seleção. Nessa Copa do Mundo no Brasil, a ingerência da Globo sobre o time ultrapassou todos os limites, com camarote VIP na Granja Comary, entrevistas exclusivas do Felipão para o Jornal Nacional, entre outras atividades que nitidamente atrapalharam o rendimento da equipe no torneio. A vertente da ESPN, por seu turno, depois do vexame da participação brasileira na Copa, havia identificado a necessidade de reformular completamente o futebol brasileiro, de cima a baixo, começando nas categorias de base e na esc

O mito do livre-mercado: os Estados Unidos (final)

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B retton Woods, 1944 (imagem acima). Com o iminente fim da Segunda Guerra Mundial, as nações aliadas se reúnem para a formação da nova ordem econômica mundial. Nesta conferência, foram criados o Banco Mundial (também conhecido como BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mais tarde, em 1947, também foi criado o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês) que mudou o nome para Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995, formando o que o economista Ha-Joon Chan chama de a “ Trindade Profana ” que vem esmagando a economia dos países em desenvolvimento nos últimos 30 anos.   Livre mercado e democracia não são parceiros naturais Ha-Joon Chang , economista sul-coreano Se no começo, essas instituições ajudaram os países em crise a equilibrar suas contas e a reconstruir as economias dos países arrasados pela guerra, a partir da crise da dívida do Terceiro Mundo, em 1982, as coisas mudaram drasticamente. Esses órgãos econômicos passaram a ter um poder mui

O mito do livre-mercado: o caso inglês

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As potências econômicas da atualidade costumam defender a tese de que somente com o receituário neoliberal , as nações emergentes serão capazes de alcançar o mesmo estágio de prosperidade que elas atingiram. Afirmam que foi através desta estratégia — livre-comércio, tarifas baixas, abertura ao investimento estrangeiro e não-intervenção do Estado , entre outras coisas — que elas conseguiram se tornar ricas. Mas a história destes países mostra uma atitude bem diferente... Na postagem anterior ( O mito do livre-mercado: os casos sul-coreano e japonês ) vimos os casos mais recentes de Coreia do Sul e Japão; hoje vamos conhecer um caso mais antigo, de uma das nações que se autoproclamaram o berço do livre-mercado mundial: a Inglaterra . Livre-comércio só quando convém Daniel Defoe ( imagem à direita ) é mais conhecido como autor da obra literária Robinson Crusoé , mas pouca gente sabe que ele, além de trabalhar no governo britânico, também era economista. Seu principal trabalho nessa ár

O mito do livre mercado: os casos sul-coreano e japonês

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R eescrever a história a seu favor. Este sempre foi o impulso daqueles que alcançaram o poder. Hoje, as nações mais desenvolvidas do planeta impõem aos que buscam um lugar ao sol o receituário neoliberal , seja através da “sugestão” dos economistas do mainstream , seja através da “ Trindade Profana ” — FMI, Banco Mundial e OMC. Dizem eles que foi seguindo as regras do livre-mercado que se tornaram ricos. Mas nós vamos desmascarar a história secreta por trás do sucesso destes países, numa série de três postagens, mostrando que eles fizeram tudo ao contrário do que defendem hoje para os países menos desenvolvidos. O neoliberalismo A economia neoliberal surgiu nos anos 60 e se tornou a visão econômica dominante a partir dos anos 80. É uma versão atualizada do liberalismo do século XVIII e XIX defendido pelos economistas clássicos, como Adam Smith e David Ricardo. Basicamente, defende a não-intervenção do Estado , a privatização de empresas estatais , a desregulamentação da economia

Por que um técnico estrangeiro

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Algumas pessoas envolvidas no recente debate acerca do futuro do futebol brasileiro, de má-fé ou não, andam dizendo por aí que a seleção brasileira não precisa de um técnico estrangeiro. Na verdade, um técnico de fora seria até danoso ao estilo do nosso futebol, já que eles costumam limitar o talento individual em nome do coletivo. Interesses particulares envolvidos ou não, creio que elas estão redondamente enganadas. A necessidade de um técnico de nível estrangeiro não se dá por este motivo. Não precisamos de alguém que limite o futebol moleque dos nossos jogadores nacionais. Também não é um caso de trazer um técnico meramente por ele ter um passaporte diferente, de sucesso reconhecido internacionalmente, ou outro fator. A realidade é que as pessoas andam cogitando um técnico de fora, porque já identificaram a completa defasagem tática dos nossos principais técnicos nacionais . Não existe um único técnico brasileiro, atualmente, reconhecido por montar uma estratégia de jogo com var

Valeu a pena torcer contra a seleção brasileira

Só o fracasso, às vezes, pode expor os equívocos, acabar com as mentiras, as fantasias e o oba-oba , para que as coisas erradas que vinham sendo feitas possam tomar um novo rumo. E talvez assim, algumas pessoas possam finalmente compreender que torcer pela vitória da CBF nesta Copa do Mundo seria um equívoco , porque ajudaria justamente a manter tudo do jeito que estava. Não se trata de achar que agora tudo vai ser lindo e maravilhoso no país porque a seleção perdeu. A derrota pode nos proporcionar, porém, um momento histórico de mudanças concretas no futebol , como eu vinha dizendo desde sempre. Apesar do fracasso, ainda tentam resistir A estratégia dos responsáveis diretos pelo maior vexame da história do futebol mundial já está definida: minimizar o impacto do resultado , colocando a culpa da chuva de gols numa suposta “ pane ” momentânea. Felipão e Carlos Alberto Parreira têm se arvorado para se eximirem de culpa em cada nova entrevista coletiva. É fácil de compreender. Afinal, ni

Considerações sobre o país e o futebol

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Passadas a exaltação e a cabeça quente pela derrota histórica, é hora de buscar juízo para analisar, em primeiro lugar, a participação brasileira nesta Copa do Mundo, e, em segundo lugar, tudo o que tem girado em torno desse tema nos últimos meses, englobando não só o futebol , como também a política . Não sei dizer em que momento da História, exatamente, começaram a associar a pátria com o futebol, mas é certo que esse fenômeno foi potencializado ao máximo na época da ditadura civil-militar brasileira nos anos 70 . De lá pra cá, era como se todos os problemas sociais e econômicos do país pudessem ser convenientemente esquecidos naqueles momentos em que a escrete canarinho estivesse em campo. Claro que, como qualquer distração dos problemas, o futebol se mostrou um belo instrumento apaziguador de conflitos sociais , e foi muito bem utilizado por nossa classe dirigente. Nesse ponto, o futebol não era só um mero esporte: era o país que dava certo . É natural que uma Copa neste ano de 2

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