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Mostrando postagens de outubro, 2010

Defender a alternância de poder vira chavão para derrubar o PT

Nos últimos tempos, a oposição política brasileira, aquela que a todo custo tenta desbancar o PT do poder, vem martelando duas ideias centrais, especialmente através dos articulistas d'O Globo, como uma última tentativa de descaracterizar tal governo: a primeira delas afirma que o governo Lula só teve sucesso porque deu continuidade a um suposto legado deixado pelos antecessores ; a outra, diz que a eleição de Dilma fere o conceito democrático de alternância de poder . Nada mais absurdo e falacioso do que estas duas afirmações. Em artigo publicado na seção "Opinião" do jornal O Globo antes da primeira eleição de Dilma ( O Aperfeiçoamento Democrático ), o cientista político Nelson Paes Leme fez uma analogia exótica para defender a alternância de poder no Brasil. Segundo ele, nos últimos tempos as democracias têm agregado cada vez mais avanços e aperfeiçoamentos, e que um deles é a alternância de poder. Entretanto, ele fez uma grande confusão entre eleições regulares e al

"A Cor das Desigualdades na Educação Básica Brasileira"

Nesta resenha crítica do artigo "A Cor das Desigualdades na Educação Básica Brasileira", procuro contestar as razões propostas pelos autores Creso Franco, Alicia Bonamino e Fátima Alves para a questão da desigualdade nas escolas brasileiras. No artigo intitulado "A Cor das Desigualdades na Educação Básica Brasileira", os autores Creso Franco, Alicia Bonamino e Fátima Alves destacam a permanência de desigualdades baseadas na “raça” em sala de aula nas escolas brasileiras, apesar do acesso de alunos considerados pardos e negros, segundo eles, ter aumentado nos últimos anos. Procuram identificar e compreender, através de um estudo bastante técnico, as desigualdades “raciais” no desempenho escolar entre alunos considerados brancos e os considerados negros e pardos, tendo como base a disciplina Matemática. Foram escolhidos alunos no âmbito do ensino fundamental, tendo como fonte, dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB).  Os autores dividem a obra em trê

PNDH-3: Uma chance que não pode ser desperdiçada.

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Assim que terminarem os debates eleitorais, será retomada a discussão a respeito do polêmico Programa Nacional dos Direitos Humanos - versão 3 Desde que o Programa Nacional dos Direitos Humanos na sua terceira versão (PNDH-3) foi proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2009, fruto de debates e conferências com importantes setores da sociedade civil, tem recebido uma enxurrada de críticas e acusações maledicentes por parte de determinados setores conservadores da sociedade brasileira. Os mais exaltados deste grupo fazem parte dos setores radicais da Igreja, da imprensa, do agronegócio e das Forças Armadas. Como um programa, que tem a nobre intenção de valorizar e apoiar a implementação das propostas vinculadas aos Direitos Humanos, corrigir injustiças e acabar com as desigualdades de raça e gênero, pode ser alvo de uma campanha tão agressiva da mídia comercial e na internet? Quem não sabe a resposta, precisa conhecer como funciona a estrutura social do país,

A Igreja e a Homofobia.

Não sou adepto praticante da homossexualidade. Sou hétero assumido. Mas por que então não me sinto ameaçado pela lei que criminaliza a homofobia, como os cristãos? É simples. Porque a minha não-adesão ao movimento gay não é baseada em preconceitos. Não há o menor risco de que eu seja enquadrado neste novo Projeto de Lei da Câmara (PLC 122/2006) que enquadra quem prega o ódio. Mas não podemos dizer o mesmo de certos grupos religiosos. Estes sim devem estar preocupados. Estive conversando sobre esse tema com alguns amigos, o que me fez sentir vontade de expressar aqui o que eu penso a respeito da homofobia de base religiosa. Homofobia esta que está explicitamente representada pelo seu maior arauto, o pastor Silas Malafaia, um dos maiores detratores do Projeto de Lei da Câmara, que propõe a criminalização do preconceito contra homossexuais. A base de seus argumentos vem da bíblia, o livro sagrado dos cristãos. Eles, os crentes, acreditam que homem e mulher nasceram biologicamente deter

Democracia e capitalismo: duas coisas incompatíveis

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A democracia é um regime familiar a todos nós, acostumados que somos a associá-la automaticamente ao sistema capitalista/liberal no qual nascemos inseridos. Pensamos logo que ambos se completam e sempre estiveram juntos, numa perfeita simbiose. Mas será que isto corresponde à realidade? Será que estes dois sistemas realmente sempre andaram lado a lado como valores universais? E mais, será que são sistemas compatíveis? Um pouco da história Teoricamente, o regime democrático é o sistema onde o povo é soberano de si mesmo , elegendo, através do voto, os representantes que governarão em seu nome (no caso, a democracia representativa , a que foi prestigiada em detrimento da democracia direta ). O sistema capitalista liberal, por sua vez, se impôs como sistema econômico predominante no mundo a partir das Revoluções Burguesas dos séculos XVII e XVIII . Como todos sabem, a democracia nasceu em Atenas , há mais de 2.500 anos. Nem de longe era um sistema que contemplava todos os ho

Educação para impedir a superstição.

  No momento em que vemos a eleição presidencial brasileira ser levada para o segundo turno em grande medida pela questão religiosa, é momento de refletirmos sobre os motivos que ainda permitem que esse ranço conservador ainda resista no país em pleno século XXI   O Brasil nunca esteve passando por uma fase de tanta bonança, em que milhões de miseráveis, abandonados durante séculos pelas classes dirigentes, finalmente ascendem a um nível de dignidade de vida, e outros tantos ainda mais, na pirâmide social, passando a integrar a classe média. Mas o último pleito presidencial mostrou que, se uma etapa do resgate do povo logrou êxito, outra anda deixando a desejar, já que as forças do conservadorismo ainda exercem um poder incrível sobre as mentes brasileiras e não podem ser desprezadas. De um lado, a imprensa, batendo noite-e-dia num tema que é sim, digno de manchete, mas que a insistência descabida denuncia claramente a intenção política; e de outro, a Igreja Católica, esta velha ca

O neoliberalismo político na Era FHC

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U ma breve análise dos motivos que levaram à eleição e os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso, um dos mais danosos presidentes brasileiros de todos os tempos, alinhado aos interesses dos Estados Unidos para a implementação no modelo neoliberal no país. No ano de 1989, ano emblemático, da queda do muro de Berlim e, segundo tendenciosos analistas, vislumbrados com derrocada das instituições soviéticas, também do "fim da história", grandes instituições financeiras, como o FMI e o Banco Mundial, se reuniram e elaboraram uma cartilha, uma espécie de receita de economia que devia ser seguida pelos países da América Latina, em consonância com as mudanças que ocorriam no mundo, que supostamente serviria para acelerar o processo de desenvolvimento econômico dos países da região. Essas propostas ficaram conhecidas como Consenso de Washington, e as medidas - abertura comercial, investimento estrangeiro direto, privatizações, desregulação das leis trabalhistas,

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