O neoliberalismo político na Era FHC

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Uma breve análise dos motivos que levaram à eleição e os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso, um dos mais danosos presidentes brasileiros de todos os tempos, alinhado aos interesses dos Estados Unidos para a implementação no modelo neoliberal no país.

No ano de 1989, ano emblemático, da queda do muro de Berlim e, segundo tendenciosos analistas, vislumbrados com derrocada das instituições soviéticas, também do "fim da história", grandes instituições financeiras, como o FMI e o Banco Mundial, se reuniram e elaboraram uma cartilha, uma espécie de receita de economia que devia ser seguida pelos países da América Latina, em consonância com as mudanças que ocorriam no mundo, que supostamente serviria para acelerar o processo de desenvolvimento econômico dos países da região.

Essas propostas ficaram conhecidas como Consenso de Washington, e as medidas - abertura comercial, investimento estrangeiro direto, privatizações, desregulação das leis trabalhistas, entre outras - vinham ao encontro das propostas neoliberais, apregoadas por Margareth Thatcher e Ronald Reagan, apesar de alguns idealizadores do Consenso depois criticarem esta ligação.

Grupos financeiros internacionais com interesses no Brasil e a elite brasileira a eles ligada umbilicalmente precisavam encontrar alguém no Brasil disposto a seguir a cartilha do Consenso de Washington, já que Fernando Collor de Mello, criado pelos meios de comunicação da direita e eleito em 1990 com sua ajuda para este propósito, falhara nessa missão. Seu Impeachment frustrou os planos das classes dominantes.

O escolhido da vez foi então Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e intelectual gestado no governo tampão de Itamar Franco - vice de Collor, que assumira a presidência para completar o mandato - que exerceu o cargo de Ministro da Fazenda, sendo preparado para ser o próximo mandatário do Executivo na onda do sucesso relativo do Plano Real.

Eleito em 1994 e reeleito em 1998, cumpriu à risca as determinações da política neoliberal, promovendo a abertura fácil para o capital estrangeiro no país, o sucateamento e privatização de empresas públicas sob o pretexto do Estado Mínimo, endividamento público, a dependência do crédito do FMI para fechar as contas, enfim, seguiu perfeitamente aquilo para o qual fora designado.

Se foi bom ou se foi ruim, depende de que lado você está. Se você é um empresário, ligado ao capital estrangeiro, ou milionário investidor nos negócios do capital financeiro, você deve ter adorado a Era FHC (que ainda deixa uma herança negativa bastante evidente nos dias de hoje, não vamos nos enganar).

Você até defenderia esse sistema com orgulho aberto, não fosse o recente episódio da crise mundial de 2008, que colocou o sistema neoliberal em xeque e fez com que jornais e revistas conservadores de direita lançassem manchetes hipócritas como "Agora somos todos socialistas"¹.

Se você, como eu, faz parte da parcela maior da população, paga seus impostos e depende dos serviços públicos, deve ter sido um dos que em 2002 deu um basta neste tipo de governo e não quer nem ouvir falar em FHC banhado a ouro na sua frente.

Sem dúvida alguma, o governo FHC representa uma das páginas mais negras de nossa História recente, e felizmente o eleitor vai dar mais uma vez uma resposta para aqueles que ainda hoje defendem este modelo subalterno de economia dependente das nações mais desenvolvidas para a América Latina.

1 - Revista Newsweek






Comentários

  1. Olá Gostei do seu blog, apesar de não comungar com suas ideias. Por exemplo, defendo a privatização (e não sou empresário). E, acredito que Lula foi mais intenso que FHC, e, talvez, a diferença entre o acerto e o fracasso do barbudo tenha sido a dose, muito maior.
    De qualquer forma, gostei do blog, defendo o pluralismo de ideias! E a possibilidade de expô-las.

    Vou seguir seu blog!

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    Talvez vc não goste do comentário que fiz sobre os filmes Tropa de Elite 2 e 400 contra 1 - confira

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  2. Olá Marcos,

    Bom, você deve ter as suas razões para defender as privatizações, e eu entendo isso.

    Eu vou agora mesmo ver o comentário que você disse que fez.

    Grande abraço

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