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Mostrando postagens de novembro, 2014

É o povo que não sabe votar, ou são as elites?

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Desde 2002 é a mesma história: sempre que o Partido dos Trabalhadores vence uma eleição presidencial, uma enxurrada de críticas preconceituosas acusa o “ povo ” de não saber votar, que o mal do Brasil é ter eleitores que se deixam levar por “esmolas”, por políticos inescrupulosos, e etc. Neste ano, as elites e suas sempre aliadas subalternas, as classes médias do Sudeste, descontaram nos nordestinos a frustração de ver o PT vencer mais uma vez, acusando-os de ignorantes, “bovinos” e outros epítetos depreciativos. Mas será que o povo não sabe realmente votar ou são, pelo contrário, as elites, que perderam a capacidade de entender as necessidades básicas do país, por estarem tão afastadas da realidade brasileira, e que não compreendem mais as verdadeiras razões da população? Elites impressionáveis Em seu livro Microtendências – as pequenas forças por trás das grandes mudanças de amanhã , o especialista em pesquisas de opinião política e consultor de diversas empresas, Mark J. Penn, fa

A imprensa esportiva e a política na arte da manipulação

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Assistindo a alguns comentários na TV nos lances finais do último amistoso do ano entre Brasil e Áustria, eu me toquei do nítido e óbvio papel da imprensa na criação de factoides e de exacerbações que pululam entre o senso comum. Dali saem clichês que mais tarde serão replicados por todos os lugares como verdades absolutas. O que não é exclusividade da imprensa esportiva, diga-se de passagem. Muito pelo contrário. Basta pensar que o que eles fazem na imprensa esportiva, em se tratando de seleção brasileira, é feito exatamente na imprensa política, em relação ao governo. Na seleção é tudo sempre muito simples. Tudo que nos diz respeito é digno, tudo é sempre maravilhoso. E se acontece alguma coisa de errada, é sempre dos outros, ou contra nós, é óbvio. Um maniqueísmo que cega. Recentemente o ex-capitão da seleção na última Copa, Thiago Silva, que aliás vem dando demonstrações lamentáveis de ser uma criança mimada, reclamou que Dunga e Neymar lhe deram uma pernada ao lhe tirarem a b

O que é “consenso sobreposto” e por que estamos tão longe dele

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Nas nossas sociedades ocidentais, cada vez mais pluralistas e diversificadas, têm havido um tipo de conflito que vem merecendo a atenção de estudiosos, filósofos e cientistas políticos. A dificuldade de conciliar nossos interesses singulares , nossas visões pessoais de mundo, com uma sociedade onde prevaleça a ideia de valores políticos comuns acima das particularidades. Como podemos conciliar essa dualidade entre o privado e o público em nome da boa convivência e do bem de todos ? As pessoas, de modo geral, além de uma concepção de justiça baseada na equidade, apresentam valores individuais, ancorados nas visões políticas ou religiosas da comunidade em que vivem. A população de uma sociedade pluralista apresenta uma série de visões diferentes, tantos quantos forem os grupos, comunidades, minorias ativas, muitas vezes conflitantes e que representam um desafio para uma sociedade tradicional que se pretende unitária, coesa. Esse assunto foi tema de um artigo publicado pelo doutor em F

De que lado está o governo no conflito de terras

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Recentemente foram divulgados números estarrecedores da violência no Brasil, com dados que nos colocam no topo da lista internacional. Também, não era de se espantar: nosso país é um dos mais desiguais do planeta, e convenientemente nossas classes dominantes tentam esconder esse fato criminalizando a pobreza e propondo, paradoxalmente, medidas autoritárias e violentas para diminuir a violência. Mais fácil do que atacar a raiz da questão, ou seja, acabar com a desigualdade, é colocar a polícia para matar os insatisfeitos. Um desses privilégios históricos e fonte de quase todos os nossos problemas nacionais é a concentração de terras . Não por acaso, o campo é o cenário de alguns dos maiores, mais longos e mais violentos conflitos, onde coronéis e senhores de terras usam de sua influência política para mandar policiais ou jagunços armados matarem, sem cerimônia, indígenas e ativistas rurais que lutam pelo direito a terras. Ainda por cima também é fonte indireta da violência nas grandes

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