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Mostrando postagens de dezembro, 2013

O capitalismo perfumado brasileiro

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Existe uma reflexão que, volta e meia, aparece nos muros das cidades ou em recentes postagens nas redes sociais: “ Reformar o capitalismo é como perfumar merda ”. Obviamente, quem pensa assim não espera que as urnas ou a pressão popular nas ruas seja capaz de conseguir algo muito relevante em termos de conquistas sociais, e acha que o povo brasileiro se encontra totalmente maduro e preparado para discutir a substituição do sistema capitalista em nome de outro, mais justo e menos desigual. Não é o meu caso. Eu acredito que, tal como nos ensinou Lênin, devemos ter capacidade de agir de acordo com a conjuntura histórica do momento, e a conjuntura atual no Brasil não indica que o brasileiro médio esteja pronto para apoiar uma grande mudança de paradigma . Muito pelo contrário. No entanto, as manifestações de junho de 2013 mostraram que a população no país está disposta a, pelo menos, reivindicar melhorias , direitos , reformas , que pretendam deixar o capitalismo com um cheiro bem mais

No Judiciário, de pai para filho

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Não faz muito tempo eu publiquei AQUI uma postagem que fazia referência a um fato muito corriqueiro na política nacional: o bastão do poder político que vai passando de mão em mão, de pai para filho, contrariando a ideia liberal do mérito e colocando em prática o privilégio que os burgueses tanto combateram nas suas revoluções. No Judiciário a coisa não é muito diferente. Ontem se deu o julgamento de Portuguesa e Flamengo no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que culminou com a perda de pontos do Flamengo, a queda da Portuguesa e o resgate do Fluminense do rebaixamento, que, assim, disputará a série A em 2014. Mas, deixando de lado o resultado controverso do tapetão, que foi uma imoralidade contra a decência do desporto, o que chamou a minha atenção foram os sobrenomes de alguns dos membros deste julgamento. A comissão foi presidida por Paulo Valed Perry Filho, cujo pai, de mesmo nome, atuou durante décadas na justiça desportiva. Aliás, hoje o blog do Juca Kfouri tr

A presença da polícia nos estádios

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O lamentável episódio de violência proporcionado pelas torcidas de Atlético-PR e Vasco da Gama possui uma questão bastante implícita, que, porém, não foi muito bem explorada pela imprensa. Aparentemente, a Polícia Militar de Santa Catarina – local da partida – deixou a segurança do evento por conta do mandante do jogo, o Atlético, que, por sua vez, contratou seguranças particulares para darem conta dos torcedores. Esses agentes, porém, se omitiram olimpicamente de coibir e apartar os torcedores que ali se digladiavam, talvez por falta de preparo para tamanha tarefa. Até aí tudo bem. Mas logo, a opinião pública , a presidente Dilma e muitos setores da sociedade chegaram à mesma “lógica” conclusão: não podemos prescindir de batalhão de choque dentro de estádios de futebol. Por que isso? Ora, para um país que se considera maduro o suficiente para discutir a desmilitarização das suas polícias – e consequentemente da sociedade como um todo – esse clamor nos coloca 10 passos atrás ne

Geração de empregos justifica tudo?

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Conta-se que, antigamente, no sul dos Estados Unidos, os prisioneiros em fuga deixavam pra trás arenques defumados para despistar o faro dos cães da polícia. Esses episódios acabaram dando nome a um artifício da retórica, um paralogismo que leva alguém a desviar de forma premeditada nossa atenção do assunto principal. Os teóricos e economistas do mainstream capitalista bolaram um arenque defumado perfeito para evitar que seus interesses sejam prejudicados pelas suas más ações. Trata-se do seguinte: obviamente, ninguém pode ser a favor de demissões em massa e do desemprego, certo? Mutatis mutandis , qualquer coisa se seja nociva, danosa, custosa ou desagradável causada pelas indústrias capitalistas (mas que seja, por isso mesmo, bastante lucrativa ) pode ser justificada desde que gere muitos empregos. É infalível. Poluição em troca de empregos Três anos atrás, a empresa alemã ThyssenKrupp, obedecendo nova legislação na Alemanha – que basicamente dizia: “ pegue sua indústria poluid

A miséria da análise política de Lobão

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Graças aos benefícios da internet, eu pude assistir hoje a entrevista do Lobão no Roda Viva de ontem. O cantor e escritor tem sido premiado com destaque na mídia política nacional recentemente (comumente conhecida como PIG ) não por conta de seu talento musical, sua enorme capacidade de análise política (bem menor que o talento musical) ou alguma grande obra literária – seus dois recentes livros não chamam nenhuma atenção, apesar de recheados de polêmicas. Lobão consegue seu atual reconhecimento na imprensa por conta de sua persistente verborragia neoconservadora , reacionária e odiosa , tão ao gosto dos barões oligarcas da grande imprensa. Tudo isso num discurso enfeitado e com um verniz de intelectualidade que encobre um caminhão de palavras desconexas, arbitrárias e sem base factual. A entrevista de ontem expôs seus fãs políticos (aqueles que concordam com seus pontos de vista) ao ridículo, pela total falta de responsabilidade e coerência. Eu, por exemplo, acho totalmente lamentá

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