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Mostrando postagens de agosto, 2013

Os atravessadores do novo Maracanã

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Desde que o capitalismo começou a se consolidar na Europa, a partir do século XVI, os atravessadores se tornaram figuras controversas nos negócios, rompendo com o sistema tradicional das corporações de ofício em nome do lucro fácil. Se antes o produtor fazia seus produtos diretamente para o consumidor final, com a entrada desses intermediários em cena, passaram a produzir para o comerciante, que pagava uma quantia módica pelo serviço dos artesãos para depois revender, ele mesmo, o produto para o consumidor final com os preços mais elevados. Nesse começo de século XXI, no Brasil, assistimos a um tipo mais sofisticado desse sistema, mas, no entanto, igualmente vampiresco em sua essência. Através de concessões, o Estado se afasta da tarefa de oferecer diretamente produtos e serviços ao cidadão em favor de empresas privadas, que atuam como intermediárias entre o Estado e o cidadão consumidor, explorando a concessão não necessariamente para oferecer serviços melhores, mas para lucrarem be

Caso Amarildo faz Senado propor punição contra desaparecimento forçado de pessoa

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  O pedreiro Amarildo de Souza continua desaparecido, provavelmente jamais será encontrado vivo, mas seu sumiço pode ter contribuído para que casos semelhantes sejam severamente punidos. Nessa semana, os senadores aprovaram substitutivo de projeto de lei que tipifica o crime de desaparecimento forçado de pessoa, com penas que podem chegar a 40 anos de prisão. O projeto segue agora para a apreciação da Câmara dos Deputados. De acordo com a proposta , o desaparecimento forçado de pessoa diz respeito a “qualquer ação de apreender, deter, sequestrar, arrebatar, manter em cárcere privado, impedir a livre circulação ou de qualquer outro modo privar alguém de sua liberdade, em nome de organização política, ou de grupo armado ou paramilitar, do Estado, suas instituições e agentes ou com a autorização, apoio ou aquiescência de qualquer destes, ocultando ou negando a privação de liberdade ou deixando de prestar informação sobre a condição, sorte ou paradeiro da pessoa a quem deva ser informa

Os médicos cubanos e os guerrilheiros do Araguaia

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O curso de Medicina sempre foi um dos mais prestigiados entre as elites bacharelescas brasileiras desde muito tempo atrás, e continua sendo nesse começo de século XXI. Se alguém duvidava, nossos caros “doutores” sem doutorado têm se esmerado para deixar bem claro esse fenômeno, tendo em vista os seguidos e vergonhosos protestos reacionários contra a contratação de colegas estrangeiros para cuidar da população pobre brasileira, numa clara demonstração de puro interesses de classe. Eu disse colegas estrangeiros? Não, não… na verdade todo esse reacionarismo histérico é contra colegas cubanos . Já não se trata somente de uma mera preocupação com a reserva de mercado (é assim que eles veem a Medicina atualmente, pelo viés do Mercado) contra a concorrência estrangeira, ou da defesa de interesses das indústrias farmacêuticas com as quais são, em grande medida, mancomunados, como suspeitam o Socialista Morena e o Observatório da Imprensa , entre outros sites. Também já extrapolou o mero âm

Modelo de universidade privada fracassou

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Muitos privatistas, convictos ou apenas desinformados, defendem a competência e a grande vocação do setor privado para gerir empresas e negócios, especialmente em comparação com o setor público, que, segundo eles, é corrupto e ineficaz. Bom, já existem inúmeras provas de que, na verdade, isso não corresponde com a realidade – vejam os casos, só para ilustrar, da Vale, do metrô do Rio, do sistema de telefonia móvel (o campeão de reclamações do Procon), dos bancos privados, e etc., e etc…— mas acho que essa tese jamais foi tão enganosa quanto no caso das Universidades. A partir do final dos anos 80, setores cruciais do serviço público que interessavam à cobiça lucrativa do empresariado começaram a sofrer um lento e gradual processo de sucateamento por parte dos governos – os transportes, a educação, a saúde, entre outros –,  fato que veio muito a favorecer o processo de privatização das empresas desses setores nos anos 90. As Universidades públicas também fizeram parte desse processo.

Singapura, exemplo de sucesso neoliberal?

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O mundo vivia uma fase de relativo crescimento econômico nos anos pós-II Guerra, quando os países reconheceram as limitações e o fracasso do liberalismo do final do século XIX, e, principalmente, por conta do “perigo” comunista que vinha da antiga União Soviética, fato que obrigou os  governos mundiais a ceder a algumas demandas da população, como o aumento da proteção aos trabalhadores na forma do Estado de Bem-Estar Social. Além disso, resolveram que o Estado deveria tomar as rédeas da Economia, para nunca mais terem que lidar com uma nova crise como a de 29. Isso até os anos 80, quando o presidente norte-americano Ronald Reagan e a primeira-ministra britânica Margareth Thatcher resolveram destruir esse modelo pelo mundo afora, defendendo reformas que, em certo sentido, resgatavam e aprofundavam alguns pressupostos do liberalismo – que ficaram então conhecidas como neoliberalismo . O que defendem os neoliberais Resumidamente, podemos definir algumas ideias políticas e econômicas

Mídia, tucanos e Marina

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Não tem muito tempo atrás, e a informação era uma via de mão única: os grandes jornalões da mídia tradicional publicavam uma determinada notícia, as televisões reforçavam a matéria e todo mundo engolia. Primeiro porque ainda não havia a ideia de interatividade que a internet proporciona hoje, e segundo, porque as pessoas ainda acreditavam que o jornalismo era imparcial e só noticiava a verdade. Tudo isso está vindo abaixo hoje em dia com o crescimento e a consolidação de uma nova forma de mídia e com a revelação de que as mídias são tão partidárias quanto qualquer partido ou pessoa comum. O retrato mais ilustrativo desse novo modelo, atualmente, é a mídia ninja, com seu jornalismo engajado, mas está longe de ser o único. A pluralidade das notícias – e o que é mais importante, das opiniões – está cada vez mais difundida pelas redes sociais, já levaram as pessoas a protestar nas ruas e também está causando uma mudança de paradigmas na própria imprensa tradicional. Fica cada vez mais di

O voo alegre do Marco Feliciano no Bule Voador

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Nada mais lamentável que uma necessidade constante de parecer gentil e cavalheiresco, ao se defender alguém que não merece esse tipo de tratamento, apenas para melhorar e reforçar a sua imagem de bem ponderado. O site ateísta Bule Voador é mestre nesse tipo de atitude supostamente neutra e equilibrada, mas vazia e desnecessária. E equivocada, o que é pior. Recentemente foi divulgado o vídeo de um voo em que o pastor homofóbico, racista e misógino Marco Feliciano foi alvo de uma brincadeira de dois rapazes, que cantaram e dançaram a música Robocop Gay, dos Mamonas Assassinas. Aí pronto, foi o suficiente para a patrulha dos bons modos ateístas entrar em ação de novo. No texto publicado no site, denominado “ Até o pastor Feliciano tem direito a um voo tranquilo… ” o autor Eduardo Patriota esbanja cavalheirismo, cortesia e solidariedade ao pastor, bem como indignação e censura contra os “provocadores” com pitos como esse: “TOCAR o pastor [ Caps Lock no original], como forma de provocaç

Inflação baixa é realmente tão importante?

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Quem tem por volta dos trinta e poucos anos de idade, como eu, há de se lembrar como era penosa a vida nos anos 80 e começo dos anos 90, quando a inflação atingia números estratosféricos e liquidava as suadas economias dos brasileiros. Foi mais ou menos por esta época que uma série de fatores coincidiram no mundo para favorecer o surgimento das políticas econômicas neoliberais na América Latina, e a conclusão de que inflação baixa era a prioridade máxima para a saúde financeira de um país. Naquele momento de desespero, todo mundo parecia concordar. Mas será que inflação baixa é tão necessária assim? Começa a campanha neoliberal O ex-presidente norte-americano, Ronald Reagan, tratou de criar o bicho-papão que deveria amedrontar durante as décadas seguintes os políticos e economistas dos países em desenvolvimento, ao pronunciar, no final dos anos 70, uma ideia tão negativa sobre a inflação que quase podemos visualizá-la na sua fala: “ A inflação é tão violenta quanto um ladrão, tão as

Médicos, pacientes e indústria farmacêutica

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Nos dias 22 e 23 de maio de 2009 foi realizada uma série de palestras patrocinadas pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do Hospital Sírio-Libanês, idealizadas pelo clínico-geral e internista do referido hospital, Alfredo Salim Helito e pelo veterano professor emérito da Faculdade de Medicina da USP, Dario Birolini. O resultado do encontro se tornou o livro Análise Crítica da Prática Médica , publicado em 2011 e com a participação de diversos especialistas na área. O livro faz uma análise em alguns tópicos como relação médico-paciente, médico-indústria e médico-mercado, a qualidade dos profissionais que saem das escolas de medicina, entre outros temas. Devido ao debate suscitado pela presidente Dilma Rousseff recentemente a respeito da Saúde pública no Brasil, bem como a consequente diatribe que causou no meio dos médicos, acho oportuno trazer brevemente alguns detalhes da importante análise do professor Birolini feita naquela ocasião, para nos situarmos a respeito do debate que o

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