Dunga e a imprensa

Dunga, novo técnico da seleção

Desde a contestada escolha de Dunga como técnico da seleção brasileira, temos assistido a imprensa esportiva se comportar de forma bastante crítica ao novo comandante. Pelo menos duas vertentes são bem definidas: a das Organizações Globo, e da ESPN.

Os jornalistas da Globo se posicionam contra a escolha de Dunga porque já identificaram – corretamente, diga-se de passagem – uma das principais intenções da Confederação Brasileira de Futebol: acabar com a farra da emissora com a seleção. Nessa Copa do Mundo no Brasil, a ingerência da Globo sobre o time ultrapassou todos os limites, com camarote VIP na Granja Comary, entrevistas exclusivas do Felipão para o Jornal Nacional, entre outras atividades que nitidamente atrapalharam o rendimento da equipe no torneio.

A vertente da ESPN, por seu turno, depois do vexame da participação brasileira na Copa, havia identificado a necessidade de reformular completamente o futebol brasileiro, de cima a baixo, começando nas categorias de base e na escolha de um técnico com uma visão moderna de futebol – o que significa, praticamente, um técnico estrangeiro. A reformulação não veio, e o pior, ficou um clima de retrocesso no ar com a escolha de Dunga, um técnico que comandou a seleção em 2010 com linha dura e falta de habilidade para lidar com os críticos. Nada garante que ele terá uma paciência maior agora.

O detalhe é a abordagem de ambas as emissoras: as mídias da Globo vêm preferindo ridicularizar o técnico – hoje na CBN trechos da entrevista coletiva de Dunga foram comparadas a fala de Odorico Paraguaçu, o lendário personagem demagogo de O Bem Amado –, além de duvidar da sua capacidade profissional. Já a ESPN escolheu o caminho das denúncias mais profundas, mostrando o envolvimento do técnico com o mundo empresarial junto com o novo coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, o que, no mínimo, apresenta grave dilema ético, para provar que o futebol brasileiro continua o mesmo.

No meio de todo esse ambiente hostil, Dunga terá que se esmerar para conseguir os bons resultados em campo que pode abafar um pouco as acusações extracampo. Se ele conseguir, será uma enorme proeza, porque a pressão é enorme.





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