32 anos da Lei de Anistia
Neste domingo (28/8), completaram-se 32 anos da lei 6.683, mais conhecida como “Lei de Anistia”. Promulgada em 1979 pelo então presidente da ditadura civil-militar, João Baptista Figueiredo, ela tinha por finalidade perdoar de quaisquer sanções os exilados e perseguidos políticos do regime militar, depois de anos de severa e cruel perseguição, tortura e morte, dentro do projeto de abertura política lenta, gradual e segura. Mas, malandramente, com medo de revanchismos, os militares trataram de se proteger juridicamente, dando um jeito de colocar a si mesmos, algozes torturadores, como beneficiários da lei.
Por conta da forma como foi elaborada, beneficiando tanto os perseguidos quanto os perseguidores, tanto as vítimas quanto os agressores, a sociedade brasileira, nos últimos anos, com o apoio de entidades internacionais, vem amadurecendo questionamentos a esta forma ilegítima de aplicação da justiça. Para a Corte Interamericana de Direitos Humanos (vinculada à Organização dos Estados Americanos), Ordem dos Advogados do Brasil e entidades de defesa dos direitos humanos como a Anistia Internacional, a lei perpetua a impunidade a torturadores e assassinos ligados à ditadura. De fato, não podemos equiparar todo o aparato de repressão militar, que agia de forma leviana, acima da lei, com crueldade desumana e em desacordo de qualquer convenção internacional, com as passeatas, os gritos de liberdade, os grupos de guerrilhas armadas e as manifestações de jovens, muitas vezes na casa dos 19, 20 anos, que eram brutalmente torturados, assassinados, estuprados e com os restos mortais destruídos. Essa mancha negra no passado brasileiro, tão recente do ponto de vista histórico precisa ser passada a limpo, ao contrário do que as viúvas da ditadura e os reacionários de plantão alegam.
Poucos meses depois do Supremo Tribunal Federal confirmar que a Lei de Anistia pode continuar a proteger os crimes contra a humanidade, a Corte da OEA condenou o Brasil por não punir os responsáveis pelas mortes de 62 guerrilheiros do PC do B executados pelas forças do governo na região do Araguaia, numa das carnificinas mais covardes de que se tem notícia no país. Jovens famintos, perdidos e isolados na mata, carregando um ideal de sociedade, o sonho de libertar o Brasil das garras da opressão, sendo caçados e mortos, esfolados como bichos ao arbítrio da lei e com seus restos mortais desaparecidos até hoje.
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