A psicologia e o perigo das bombas e fogos de artifício natalinos

foguetes de fim de ano
 
Você deixaria seu filho brincar com uma granada? Certamente que não. No entanto, milhares de pais no Brasil não tomam conhecimento de que seus filhos compram explosivos com poder de destruição equivalente.Todos os anos são contabilizadas dezenas de vítimas das bombas e dos fogos de artifício, que ficam cegas, queimadas e mutiladas, um problema que não chama a atenção das autoridades.
 
O que leva uma pessoa a comprar um artefato cuja única função é explodir e fazer enorme barulho? É uma das coisas difíceis de compreender da psicologia humana. Desde tempos remotos os homens digladiam entre si, seja por comida, por território, por acasalamento, entre outras coisas. Com o tempo, nós fomos capazes de criar armas cada vez mais letais, que desde então vêm se aperfeiçoando no poder de fogo e de destruição. O ápice dessa corrida armamentista foi a bomba atômica, lançada nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

As bombas sempre foram associadas ao poder e a intimidação. A explosão, o barulho aterrador, a destruição arrasadora intimidavam os inimigos muito mais do que as metralhadoras, e quem viveu numa cidade bombardeada numa guerra jamais esquece o trauma das bombas que explodiam em grande estardalhaço.

Mas o que isso tem a ver com as bombinhas natalinas?
 

A psicologia das bombas

Tudo a ver. De alguma forma, sobrevive no subconsciente das pessoas o poder sedutor de uma explosão. Quanto mais barulhenta e chamativa, mais satisfaz o ego de quem a solta. O perigo de manipulá-la, a tensão dos segundos do pavio aceso antes da explosão, o barulho ensurdecedor que causa, tudo isso provoca uma catarse nos indivíduos envolvidos. Tal como uma droga, essas pessoas vão em busca de mais uma dose, quem sabe de uma bomba ainda mais destruidora.
 
Essa pirotecnia ocidental não é novidade, vem de uma antiga cultura de guerra. Mas que diabos isso tem a ver com a celebração do suposto nascimento de Jesus Cristo no Natal?
 

O perigo das bombas

Segundo dados da Associação Brasileira de Cirurgia da Mão Hospital Samaritano de São Paulo, “uma em cada dez pessoas que mexe com estes artefatos tem membros amputados, especialmente, os dedos”. Setenta por cento delas são crianças. Ainda de acordo com o site,
A recuperação de alguém atingido por estes artefatos é extremamente difícil. Em casos extremos, uma pessoa pode perder até a mão inteira, além de apresentar queimaduras graves e perda de partes moles e ósseas. Para garantir uma recuperação adequada, o paciente passa por um longo trabalho de reabilitação funcional.
Vítima de fogos  Acidente-com-fogos-crianca  images
No Brasil, ainda há a situação de que muitos destes artefatos são produzidos em fundos de quintal, em condições precárias. Em 1998 Gabriel Metzler era uma criança fascinada por fogos numa pequena cidade de Santa Catarina. Ao tentar fabricar uma bomba com a pólvora de um foguete, foi vítima de uma explosão que o deixou cego e que matou seu amigo. Hoje ele coordena o Grupo Alerta Vida que tenta orientar as pessoas sobre os perigos dos explosivos. Sobre a fabricação de explosivos no Brasil, ele afirma,

O trabalho todo é manual e é realizado muito rápido, já que os funcionários recebem de acordo com a quantidade que produzem. Além disso, tudo é feito sem que haja controle de qualidade e segurança. Para se ter uma ideia, um perito nos forneceu dados de um teste minucioso realizado com 100 foguetes produzidos aqui no Brasil, e 83 deles estavam irregulares.

A legislação no Brasil sobre o assunto, de 1948, é ultrapassada, pois “apenas limita a idade do comprador, mas não há fiscalização alguma — qualquer criança pode comprar fogos. E a lei também não restringe a quantidade”. A quem cabe a responsabilidade de fiscalizar e controlar essas bombas? Metzler foi no Exército para saber, mas lá, lhe disseram que é a Polícia que deve controlar. Quando conversou com a Polícia, foi informado de que o Exército é o responsável, num jogo de empurra digno das autoridades brasileiras.

Bombas deveriam ser condenadas severamente. Estressam as pessoas que não têm nada a ver com isso, os animais, atrapalham a paz e o sossego, causam graves acidentes e não servem para nada. Fogos de artifício, controlados por especialistas, ainda são bonitos de se ver, mas essas bombas explosivas de fim de ano deveriam ser erradicadas das cidades brasileiras de uma vez por todas.
 




Comentários

  1. Nesta época, em que lasers, leds e canhões de som produzem os efeitos mais sensacionais e criativos, não há mais nenhuma necessidade de se utilizar fogos. Deveria ser terminantemente proibida a fabricação, a comercialização, o uso e a guarda de QUALQUER TIPO DE EXPLOSIVO, com penas severíssimas, inafiançáveis, inclusive aos pais de crianças que fossem flagradas com as tais.

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    1. Olá,
      Muito bem lembrado.
      Hoje em dia existem muitos artefatos modernos que fazem essas bombas rústicas parecerem coisa do passado.
      Concordo totalmente, esses explosivos deveriam ser banidos e quem portasse deveria ser severamente punido.
      Grande abraço e obrigado pela participação.

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  2. Venho aqui dizer que um estudo com esse princípio não condiz com o título psicologia, um estudo que tem outras abordagens. Espero que procurem fazer algo voltado a acidentes de trânsito, exploração e abuso infantil, drogas, cigarros, bebidas, tráfico de pessoas e animais, acidentes em multinacionais, barragens destruindo cidades e vilarejos. Aqui não é uma luta pra melhoria e sim o guerra contra fogos de artifício, o zelo para com os animais termina na mesa em um churrasco.
    Pense de verdade se isso é necessário mesmo

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