Achismos e preconceitos na formação das nossas opiniões

Como se forma uma boa e respeitável opinião? As pessoas parecem sempre ter na ponta da língua uma opinião pronta a respeito de tudo. Afirmam com total convicção quase todos os assuntos do momento. Mas da onde vêm tamanhas convicções?

No meu modo de entender, existem alguns passos que precisariam ser dados antes de se emitir uma opinião qualquer, mas que são totalmente negligenciados em nome da comodidade. Antes de tudo, é óbvio, as pessoas deveriam entender o mínimo sobre o que estão falando. Não 303519adianta apelar para o “ouvi dizer que…” ou “dizem que…”, porque coisas assim não são (ou não deveriam ser) levadas a sério. É preciso se informar de verdade, pesquisar, refletir… E aí então vem o segundo passo: ouvir, ver e ler duas ou mais fontes diferentes sobre o mesmo assunto. Não adianta eleger uma instituição ou uma emissora de televisão como fontes isentas e confiáveis de informação para formar sua opinião, porque você só terá sempre metade da informação, aquela que interessa a terceiros, não a você. E hoje, com o advento da internet, ficou mais fácil buscar informações diferentes sobre todos os assuntos possíveis e imagináveis antes de emitir qualquer opinião.

Sim, essas coisas dão um certo trabalho. Ninguém tem tempo para fazer tudo isso antes de falar alguma coisa, muito mais cômodo é corroborar o senso-comum, os preconceitos do dia-a-dia, os clichês que estão já circulando por aí, aquilo que se ouviu por terceiros (“dizem que…”). Por isso todos os dias vemos opiniões estranhas, mal formuladas, carregadas de preconceitos e argumentos simplórios sobre os mais diversos assuntos, que no entanto carregam a aura da verdade absoluta.

Pessoas acríticas que corroboram esse tipo de coisa são as que mais contribuem para a perpetuação de certas lendas na nossa sociedade, e no entanto, paradoxalmente, são as que se mais se acham politizadas e bem-informadas. Tudo bem não ter tempo para pesquisar, mas por favor, se você não fez isso, pelo menos admita que sua opinião pode estar bem equivocada. Foi corroborando o senso-comum que muita gente já acreditou em besteiras como, por exemplo, “a escravidão é algo natural”, ou “lugar de mulher é na cozinha”, coisas que hoje soam absurdas e ridículas. Não seja alguém assim.

Leia bastante, seja crítico, se informe, evite os grandes meios de comunicação comercial como fonte principal, procure sempre o outro lado da notícia. É assim que a gente começa a ser livre de enganos e mentiras e constrói uma sociedade melhor. 





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