Bolsa Família completa 10 anos com resultados abaixo do esperado

BolsaFamiliaEste ano de 2013 marca uma década do Programa Bolsa Família. No intuito de erradicar a pobreza extrema de milhões de brasileiros, o programa governamental tem como foco o futuro, não o presente.

De modo pragmático – embora jamais os governantes possam admitir publicamente – a cúpula do projeto reconhece que existe toda uma geração perdida abaixo da linha de pobreza para a qual pouco pode-se fazer, mas que é possível salvar as próximas gerações de brasileiros investindo-se nas crianças e jovens dessas famílias. Não por acaso a concessão das Bolsas é condicionada à matrícula deles nas escolas. Mas essa lógica está a perigo, de acordo com recente pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em parceria com o Ministério da Educação (MEC).

Saiba mais: Governo quer incentivar leitura no Brasil

sala de aula quebradaIsso porque as escolas frequentadas por estes alunos pobres não oferecem condições adequadas de educação – e portanto, de ascensão social –, de acordo com o levantamento feito por aqueles órgãos. São 15 milhões de crianças de 6 a 15 anos e quase três milhões de adolescentes entre 16 e 17 anos que fazem parte do programa e que serão acompanhados, mas os dados preliminares já mostram que 50 por cento deles estudam em escolas cuja infraestrutura está bem abaixo do padrão nacional, que já não é lá essas coisas. Muitas delas não têm quadras de esportes, bibliotecas, acesso à internet – e maioria nem sequer tem coisas básicas como redes de esgotos.
O programa conseguiu frear um pouco a evasão escolar, é verdade, mas nem o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome nem o MEC parecem dar muita atenção à qualidade do ensino dos beneficiários do Bolsa Família, o que acaba criando uma contradição. Como erradicar a pobreza a médio e longo prazo, se uma das maiores bases de ascensão social, a educação, é negligenciada com tamanha magnitude?
Para que o paliativo do Bolsa Família são seja apenas mais uma jogada política que eleva artificialmente o padrão de vida das famílias pobres apenas em nível de consumo, é preciso que estas crianças tenham condições para estudar e crescer na vida, para competir em nível de igualdade num sistema tão excludente quanto o nosso. Se isso não acontecer, nem mais 20 ou 30 anos de Bolsa Família serão capazes de erradicar a chaga da pobreza extrema da nossa sociedade, e o Estado continuará condenando milhões de pessoas à dependência econômica de programas sociais para sobreviverem – o que não condiz com a sexta maior economia do mundo.




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