Conquistas do Syriza constrangem o PT

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Atualizado em 11 de julho de 2015

Uma das consequências mais nefastas da desilusão dos governos petistas foi a desconfiança que causou sobre toda a esquerda no eleitorado brasileiro. A cada vez que Lula e depois Dilma cediam de joelhos ao poder econômico, nomeando gente de confiança dos mercados para postos estratégicos do governo, a população perdia a fé de que, um dia, um governo verdadeiramente progressista pudesse chegar ao poder para enfrentar os desmandos do capital. Mas eis que a coligação de esquerda Syriza vence na Grécia, e apesar de ser muito cedo para uma avaliação, podemos dizer que, pelo que vimos até agora, já fez mais do que o PT em 13 anos.

Antes de mais nada, Alexis Tsipras (imagem à esquerda) anunciou energia elétrica para 300 mil famílias carentes; vai recontratar funcionários públicos demitidos; cancelou privatizações dadas como certas pela (e a mando da) troika e neste exato momento, está criando condições políticas e econômicas para acabar com a mal-fadada austeridade, que, trocando em miúdos, significa escalpelar os pobres para ressarcir os bilionários juros dos empréstimos dos bancos europeus, para sanar uma crise que a própria política de austeridade ajuda a aprofundar.

Enquanto isso, vai por água abaixo o discurso thatcherista do PT de que “não há alternativa” a não ser rezar na cartilha dos grandes capitalistas. Ora, se a Grécia, um minúsculo país pobre e endividado até a alma, pode oferecer uma outra alternativa a seu povo, é sinal de que Joaquim Levy no Ministério da Fazenda e seu neoliberalismo 2.0 é uma escolha política do PT. Existe sim opção à esquerda desse modelo econômico destrutivo, e o Partido dos Trabalhadores não implementa, ou porque não tem coragem, ou porque é conscientemente um partido da ordem estabelecida, embora não seja capaz de admitir.

A despolitização causada pelo estelionato eleitoral do PT, que garantiu sua reeleição, tem ficado cada vez mais difícil de administrar. A direita política e os setores mais conservadores da sociedade se uniram no mero intuito de varrer o PT do poder, que consideram um cão sardento e indesejável, apesar de obediente.

Até aqui, os eleitores progressistas, por sua vez, tem elegido os presidenciáveis petistas mais como um veto ao candidato tucano do que como uma escolha convicta. Acontece que a cada nova eleição, o eleitorado percebe menos diferença entre eleger tucanos e petistas, e isso ficou bastante claro na última e suada vitória de Dilma na disputa eleitoral mais apertada da história. Nesse ritmo, e com o surgimento no mundo de opções como o Syriza na Grécia e o Podemos, na Espanha, é hora do eleitorado progressista brasileiro abandonar de vez qualquer esperança no Partido dos Trabalhadores, e investir suas forças nos partidos brasileiros que têm potencial para carregar as mesmas bandeiras da esperança dos povos explorados pelo neoliberalismo no mundo. Eles estão por aqui, é só olhar com cuidado.





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