Escolas de São Paulo: como as instituições burguesas tratam protestos de forma “democrática”

Pairando acima do cidadão paulista, o Estado, essa superestrutura que tem o dever de prover, entre outras responsabilidades, a Segurança Pública e a Educação. Por ocasião de uma medida autoritária que mexe com a vida de milhares de pessoas que não foram consultadas, o governo deste Estado, no poder há 20 anos pelo mesmo partido, decide reorganizar as escolas. Os alunos protestam, como protestariam em qualquer sociedade dita democrática. A falência da Educação faz entrar em ação o aparato militar.

O Brasil é um país democrático (não riam) e espera-se que um protesto espontâneo e pacífico de ocupação das escolas pelos alunos suspenda até segunda ordem a decisão de realocar alunos para outros colégios. Abrir-se-ia assim um canal de discussão entre governo, alunos, pais, diretores e os demais responsáveis, para encontrar uma solução negociada. No entanto, o governo de São Paulo, cujo partido tem a social-democracia no nome e o neoliberalismo na ideologia, publica autoritariamente o decreto da realocação assim mesmo. Mais do que isso, coloca a Polícia Militar como interlocutora do Estado para tratar com adolescentes estudantes.

Aluno preso

Pior ainda: o representante da secretaria de Educação do Estado diz que é preciso adotar “ações de guerra” e táticas de guerrilha” contra os alunos acampados. Os primeiros episódios de terror já começam a aparecer, com suspeitos encapuzados fazendo ameaças nas madrugadas em torno dos colégios ocupados. E ainda há de se esperar em breve a desocupação forçada com a Tropa de Choque, bombas de gás, cães, spray de pimenta, balas de borracha e outros apetrechos da democracia burguesa.

Então temos um Estado da federação governado por um partido que acaricia tendências protofascistas e que ataca diretamente um dos maiores baluartes do Liberalismo: a Educação Pública. Muito bem. Por sorte, na nossa democracia, ainda temos uma imprensa livre, que é capaz de denunciar as atitudes insanas do governo, em favor da população.

Mas algo está errado... Vemos os telejornais, os portais de notícias dos principais canais da mídia e eles estão ao lado do... governo!! Onde está a teoria de que o jornalismo é o bastião da democracia contra os desmandos e excessos da administração pública? No Brasil pelo menos, isso não existe. Os interesses comerciais das seis famílias que monopolizam os meios de comunicação parecem ter um peso muito maior no teor das notícias.

Pois então temos este cenário. Resumindo: um Estado (o mais importante do país) governado há 20 anos pelo mesmo partido com tendências protofascistas que coloca as forças militares para dialogar com crianças, cujo secretário diz que as ações têm que ser de guerra e a imprensa, em vez de ser livre apoiar os alunos enquanto cidadãos, inventa factoides para incriminá-los perante a opinião pública, funcionando quase como órgão de propaganda política do governo.

Diante disso, é caso de se questionar: e vocês, analfabetos políticos, ainda têm a coragem de dizer que totalitários e despóticos são os governos comunistas, e livres e democráticos são os governos liberais?!

Você vive num mundo da fantasia em que os senhores capitalistas do mundo elegem os “malvadões” comunistas como seu inimigo, e governos “liberais” como o Eldorado da liberdade. Você na verdade tem muito o que aprender sobre as mentiras da propaganda da ideologia capitalista. Quem sabe São Paulo não lhe seja uma primeira lição.





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