A direita brasileira duvida da sua inteligência

No episódio da votação do Impeachment de Dilma Rousseff no primeiro semestre deste ano, ganhou destaque um vídeo em que Jean Wyllys, deputado pelo PSOL-RJ, dispara uma cusparada em direção a Jair Bolsonaro, atualmente do PSC-RJ.

A justificativa para tal reação foi a constante provocação do deputado homofóbico contra Jean Wyllys. Naquela ocasião da votação, o deputado psolista fora perseguido e chamado de “viado”, “baitola” e “queima-rosca” por Bolsonaro. Quando Jean Wyllys foi seguro pelo braço, disparou a cusparada como a gota d’água de uma obsessiva perseguição que o deputado do PSC promove contra o psolista nas diversas sessões da Câmara.

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No dia seguinte ao episódio, tentando aliviar a barra do pai e incriminar Jean Wyllys, o filho do deputado do PSC, Eduardo Bolsonaro, divulgou um vídeo em que Jean Wyllys, supostamente, teria não reagido a provocações homofóbicas, mas premeditado a cusparada. Veja:

O filho do Jair Bolsonaro não se furta de manipular a ordem dos acontecimentos, além de atribuir uma legenda falsa ao deputado Jean Wyllys, que, segundo a versão manipulada de Eduardo, disse: “Eu vou cuspir na cara do Bolsonaro, Chico”.  E em seguida vem a cusparada.

Entretanto, ontem foi divulgado o resultado da perícia da Polícia Civil de Brasília sobre o vídeo, a pedido do Conselho de Ética da Câmara. Segundo os peritos, o que Jean Wyllys realmente diz, é: “Eu cuspi na cara do Bolsonaro, Chico. Eu cuspi na cara do Bolsonaro. Eu cuspi!”, depois que realmente cuspiu.

Agora, cabe ao Conselho de Ética condenar Eduardo Bolsonaro que apresentou essa estapafúrdia montagem como prova.

Mas não é a primeira vez que a direita mente, inventa, manipula e espalha mentiras. É assim que ela vive, é assim que ela cresce. O próprio Jean Wyllys é uma das vítimas preferidas dos direitistas e sua rede de boatarias de internet, que espalham frases absurdas como se tivessem saído de sua boca.

Seria cansativo enumerar vários episódios em que a direita mentiu descaradamente para ludibriar seus simpatizantes. Mas algumas são verdadeiras pérolas da maior desfaçatez, e merecem ser lembradas.

O “atentado” da bolinha de papel

Serra vítima da bolinha de papel

Num dos episódios mais ridículos, e que entrou para o folclore da política como uma das maiores farsas já produzidas pela direita, o então candidato a presidente na campanha de 2010, José Serra, foi alvo de um “terrível” ataque com uma… bolinha de papel. Nos dias seguintes, emissoras de TV dramatizaram o “atentado” chamando até peritos para dizer como uma bolinha de papel poderia matar. A única coisa que mataram foram as chances de Serra vencer a eleição.

O aborto que “mata criancinhas”

Monica Serra

Nesta mesma campanha, que caracterizou-se por um moralismo exacerbado, o tema do aborto foi uma das estratégias da direita para tentar derrotar a candidata petista, Dilma Rousseff. Entrou em cena a esposa de José Serra, Mônica Serra, afirmando que Dilma era a favor de matar criancinhas, num ridículo e falso apelo emocional, porque era a favor do aborto. O que ela não contou, foi que confessou ela mesma ter feito um aborto, durante uma aula que ministrava.

Crianças são crianças, embriões são embriões e fetos são fetos. Chamar fetos de crianças é apelar para a ignorância alheia, por falta de argumentos verdadeiros. E ter feito um aborto e chamar quem aborta de matador de criancinhas é hipocrisia cretina.

O “perigo comunista” no Brasil

Marcha da Família

Essa retórica, acreditem, vai fazer 70 anos. Quando o mundo foi dividido na Guerra Fria, a Escola Superior de Guerra (ESG, fundada em 1949) importou baboseiras estadunidenses como a doutrina de segurança nacional, e com ela veio o medo dos comunistas. A partir de então, qualquer proposta, mesmo que vinda de setores conservadores, ou progressistas, ou de centro, ou de qualquer lugar, que visasse remediar um pouco das mazelas do capitalismo, meras reformas, era tachada de perigo comunista a ameaçar os valores cristãos da sociedade.

A Guerra Fria acabou, mas no imaginário das classes médias de direita, e na falta de uma atualização maior dos conceitos, esse perigo continua, e, acreditem se quiser, transmutado nos petistas! (!!)

“Bolsa Família sustenta vagabundo”

Mãos calejadas de trabalho

Essa é uma das melhores. Coisas que as pessoas, com muita preguiça de pensar ou sem tempo pra se informar, repetem de boca cheia. Mal sabem elas que estão apenas ajudando a disseminar falácias, sendo usadas como instrumentos de terceiros.

Mais de 75 por cento dos beneficiários do Bolsa Família são trabalhadores. Usam o benefício para aumentar a renda e custear os gastos com os estudos dos filhos e alimentação.

Além disso, quase 2 milhões de beneficiários já abriram mão do Bolsa Família, por entenderem já não precisar mais da ajuda.

Agora, enquanto a direita foca suas baterias no pobre trabalhador braçal que recebe cerca de R$170,00 de ajuda pra poder comer um pouco melhor, desvia a sua atenção do “Bolsa-Banqueiro”. Ou quem sabe dos super-salários do Judiciário. Ou da imoral “Bolsa-Filha-de-Militar”, que, desde que não se case, recebe pensão do Estado. Tudo isso saindo do nosso bolso. Muito mais custoso que o Bolsa Família.

O “Kit-Gay” que vai fazer seu filho virar “viado”

Bolsonaro contra cartilha anti homofobia

Com o simples intuito de confrontar o preconceito contra a homossexualidade, o material didático que atendia os requisitos do PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) foi defenestrado em 2011 pelo lobby da direita e da bancada evangélica no Congresso. Pouco se importam com as milhares de mortes violentas que acontecem todos os anos no Brasil, por conta da homofobia. Querem continuar mantendo as pessoas na ignorância (a ignorância gera o medo, e o medo causa reações violentas) e seu direito de ser preconceituoso, nem que para isso precisem manipular a verdade sobre o conteúdo do material didático.

*  *  *

Poderíamos continuar até não acabar mais. São tantas as mentiras que a direita conta para enganar os mais ingênuos — “somos todos brasileiros, portanto todos iguais”; “direitos humanos são pra defender bandidos”; “cotas raciais reafirmam o racismo”; “não existe esquerda nem direita”, e por aí vai — mas acreditamos já termos dado uma boa ideia.

E você? Qual a sua falácia favorita?





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