Embraer: classes dominantes brasileiras querem o Brasil como eterna colônia

KC-360, um orgulho nacional que será sabotado com a fusão da Embraer com a Boeing


Para alguns países, não existe muita alternativa. Por conta do seu tamanho diminuto, sua população inexpressiva ou território com falta de recursos importantes, o protagonismo mundial não está na agenda. Para estas nações, a dependência é uma realidade difícil de superar.

Mas existem outras nações com uma segunda alternativa. Justamente por conta da dinâmica de suas economias, de um mercado interno formado por uma grande população, vasto território repleto de recursos naturais, os governos desses países poderiam finalmente se livrar do opressivo assédio provocado por outros países. Poderiam, elas próprias, investir em si mesmas, confiando na sua força e no seu orgulho.

Por que muitos desses países, ao contrário, preferem a eterna submissão aos interesses estrangeiros como se pequenos fossem?

É o caso, infelizmente, do nosso país.

Certamente por conta do nosso passado colonial, quando a dependência econômica de uma ou várias potências estrangeiras moldou a psicológica vassalagem das nossas elites, o seu complexo de vira-latas, seu ódio por este povo mestiço com o qual ela não se identificava, o Brasil até hoje paga por esta herança maldita.

Não cabe aqui fazer um balanço histórico de como essa psicologia degradante atravessou gerações até chegar a nossos políticos, empresários, latifundiários, e principalmente nossas Forças Armadas (FF.AA.). Mas o fato é que ela sobreviveu e está mais viva do que nunca.

A submissão das Forças Armadas brasileiras

Em muitas nações por este mundo afora, a sobrevivência de um povo, sua liberdade e sua soberania, além da defesa incondicional de suas riquezas naturais dependem exclusivamente do grau de nacionalismo das suas Forças Armadas. Podemos citar o caso da Síria, cujo exército é amado pelo povo, há anos em guerra contra forças apoiadas por países estrangeiros de olho no petróleo do país. Esse é o papel das Forças Armadas.

No Brasil, a história é muito diferente. Décadas atrás, nossos oficiais resolveram se ajoelhar incondicionalmente a todo interesse do império estadunidense. Primeiro, importando conceitos da autoritária, fascista e antidemocrática Doutrina de Segurança Nacional, que virou as FF.AA contra sua própria população nacional a pretexto de combater comunistas imaginários, e segundo, na forma de apoio incondicional a qualquer decisão econômica do imperialismo na economia brasileira, mesmo que atente contra os interesses nacionais.

Essa é uma característica lamentável de nossas Forças Armadas, uma total prostração aos interesses de uma nação estrangeira.

Um caso que exemplifica essa postura é a entrega da empresa brasileira de aviação, a Embraer, para ser absorvida e dissipada no seio da gigante norte-americana Boeing. Nada explica essa passividade, essa covardia e falta de nacionalismo dos homens que deviam honrar a farda e as armas que os cidadãos brasileiros colocam em suas mãos para a defesa do país, mas que apoiam tal medida. Uma violação dos interesses nacionais não se dá apenas quando um país avança sobre o território geográfico de outro; ocorre muitas vezes no campo da ideologia. Os militares, que, de forma controversa, se colocaram como tutores da democracia, deveriam fazer valer seu dever constitucional para com esta pátria para fazer os políticos vetarem mais esse atentado contra os interesses nacionais, e não ficarem satisfeitos como parecem estar.


Sabotando a indústria nacional

Em 2013, o Brasil firmou a compra de 36 caças suecos Gripen com uma novidade não muito comum no mercado capitalista: a transferência total de tecnologia. Mais do que mero negócio, foi uma verdadeira parceria estratégica entre Brasil e Noruega, mas que afetou os interesses puramente comerciais das concorrentes, incluindo a Boeing.

A Embraer começava a crescer no mercado internacional de aviação civil, seus jatos de médio porte dominavam o setor, e seu KC-390, o cargueiro de médio porte mais promissor da aviação internacional, deslumbrava os especialistas, sendo um verdadeiro orgulho nacional, com poderosos interessados na compra, como a China. Além desses nichos de mercado que ela dominava, poderia entrar também no lucrativo e fechado negócio da fabricação de caças, o que certamente fez a Boeing se mexer para cuidar de seus interesses, portanto, para prejudicar a evolução da empresa brasileira no mercado mundial.

Tudo isso foi sabotado, jogado por água abaixo, com a colaboração de brasileiros subservientes, capachos dos interesses alienígenas.

A elite civil e sua estratégia estúpida

Outro caso inaceitável de submissão e covardia da direita brasileira é no boicote ao BRICS. O acrônimo representa países justamente daquele tipo citado acima, grandes e fortes o suficiente para propor um caminho alternativo ao seu desenvolvimento, longe da influência castradora do imperialismo estadunidense. O novo governo brasileiro, sem esconder de ninguém seu alinhamento incondicional, servil e covarde aos interesses dos Estados Unidos, resolveu defender um BRICS sem China, uma aberração ideológica quase inacreditável. A China é o maior mercado de exportação do Brasil, um parceiro estratégico para nossas commodities, além de ser a próxima primeira economia mundial daqui a pouco tempo. Como o Brasil prefere abrir mão de uma parceria estratégica num fórum onde seria tratado como um dos protagonistas, como no BRICS, para se colocar de forma vil e mesquinha na retaguarda de uma potência decadente?

O Brasil é um país de enorme potencial, com uma população trabalhadora e que não merece as classes dominantes que têm. Uma classe vassala, com baixa auto-estima, que prefere eternamente ser parceira da rapinagem nacional que os estrangeiros fazem aqui do que assumir a responsabilidade de colocar este país gigante aonde ele merece estar, ao lado de China, Rússia, Índia e outros países do G-20 como protagonistas do cenário internacional. Exatamente como Lula fez em apenas oito anos de governo, com uma linha de interesse nacional orientando a política internacional, e que as classes dominantes, junto com seus aparatos no judiciário, na política e nas FF.AA, conseguiram destruir em apenas dois, e cuja vassalagem prometem aprofundar nos próximos quatro.

O Brasil é o país do futuro. Do futuro sabotado por ele próprio.






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