Churrascão das Forças Armadas e o Brasil saqueado



Farinha pouca, meu pirão primeiro. Com este singelo ditado popular, podemos resumir perfeitamente a atitude das classes dominantes, representadas em diversos setores das instituições nacionais, quando a crise econômica ameaça colocar em risco seus privilégios históricos.
 
Temos um exemplo bem recente para ilustrar (calma que ainda não é o das Forças Armadas). 

A ingênua "conciliação de classes" do PT


Os governos do PT se sustentaram numa espécie de pacto de classes, que funcionou muito bem enquanto a economia pujante permitiu que Lula, e depois Dilma, pudessem promover um tímido programa de distribuição de renda aos mais pobres, enquanto mantinham intocados os privilégios dos ricos.

Mas bastou a crise atingir as finanças do país para que estas mesmas classes dominantes rompessem o pacto, derrubassem o governo sem o menor pudor, para instaurar medidas de austeridade que visassem frear a ação do governo no tocante à ascensão dos mais pobres.

Era preciso resguardar suas posições e privilégios diante da crise. 
Assim tivemos, desde então, Michel Temer, comprometido com a agenda econômica neoliberal que retomou a manutenção da desigualdade no país e, agora, Jair Bolsonaro, que colocou em prática uma cartilha ultraliberal ainda mais perniciosa, não só à causa dos trabalhadores brasileiros, mas também de todas as classes sociais. 

No seu atual governo, a "farinha" está tão escassa que as classes dominantes estão ainda mais vorazes em abocanhar qualquer oportunidade de ganho em detrimento dos demais. Uma caricatura que ilustra esse momento fica evidente no caso, por exemplo, dos fura-filas da vacina, ou daqueles que defendem que a vacina seja vendida pelo setor privado. 

Mas essa semana ninguém extrapolou de forma tão vil e ostensiva essa postura quanto as Forças Armadas brasileiras.

Segundo notícia vinculada da imprensa, a Procuradoria Geral da República tem em mãos evidências que mostram gastos superfaturados, em plena pandemia, das Forças Armadas (FF.AA.) com 700 toneladas de picanha, oitenta mil latinhas de cerveja, além de outros itens para churrasco. Um verdadeiro escárnio. 

Abaixo, a representação feita por deputados do PSB à PRG: 



A imagem que ilustra essa atitude de forma burlesca remete a um saque de supermercado. Daqueles que assistimos em momentos de descontrole social, crise econômica ou revoltas, só que cometido por agentes das FF.AA., enquanto o povo assiste incrédulo, bestializado, sem entender os acontecimentos, assim como foi o golpe da República produzido por este mesmo Exército em 1889. Um povo alheio que assiste seus clamores ignorados e seu país ser saqueado pelas elites como se fosse um eterno Baile da Ilha Fiscal. 

Uma longa história de pirão farto na mesa militar enquanto falta farinha na mesa do trabalhador. 

Essa é a triste história das nossas FF.AA. Essa é a triste história das classes dominantes do Brasil. 




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