Finalmente a mídia assume sua preferência partidária.

Muitos incautos ainda criam na antiga falácia da isenção jornalística no Brasil. Entretanto, seguindo sugestão do Lula, as mídias impressas começam a sair do armário.

Hoje, 26 de setembro de 2010, faltando 7 dias para as eleições presidenciais no Brasil, pudemos tomar conhecimento de um fato histórico: salvo engano meu, pela primeira vez na história deste país, um jornal da velha imprensa brasileira admite com todas as letras que apoia um candidato a presidente. Durante anos e anos, este apoio notório, porém nunca publicamente assumido, se deu sob a falácia da isenção jornalística, uma forma de tentar passar credibilidade para uma escolha política de classe. Entretanto, tendo em vista a forte campanha midiática das últimas semanas contra a candidatura da situação e perante a sugestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alguns jornais, como O Estado de São Paulo, resolveram admitir o óbvio: sempre apoiaram a candidatura de José Serra à presidência.

No seu editorial de hoje, intitulado "O Mal a Evitar" o "Estadão" afirma que "com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, [...] apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País". Também afirma, de modo irresponsável, que a única função da candidata do governo com a maior aprovação popular dos últimos tempos, será "segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada". Alega o jornal, que "se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder."

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Mais uma vez a direita reacionária e conservadora - da qual fazem parte os donos dos jornais da velha imprensa - coloca em xeque a capacidade do povo de escolher o que é melhor para o país. Se o presidente e o seu partido se mantêm no governo, só pode ser por meios escusos ou por sede de poder, jamais pela vontade soberana do voto. Alegam que o povo está "hipnotizado" e por isso elegem a candidata do governo. Entretanto, o mal que eles, "jornalistas", pretendem combater, fica claro, é a democracia, desde que ela admita a participação maciça e benefícios para uma maior parcela da população, colocando a perigo suas posições privilegiadas.

Muitos dos ingênuos leitores de jornais, que até aqui acreditaram piamente na suposta isenção jornalística dos meios de comunicação, achando que os ataques dioturnos da mídia ao governo faziam parte de um mero dever profissional, devem estar se sentindo sem rumo neste momento, com cara de tolos. Mas não podemos culpá-los. Afinal, esta falácia era apregoada insistentemente pelos meios de comunicação até o dia de hoje, quando finalmente um dos seus segmentos midiáticos resolve tirar o véu da mentira e revelar o seu lado partidário.

Muitos jornais, que ao contrário de tv's e rádios não dependem de concessões públicas, em democracias desenvolvidas, dizem abertamente a seus leitores suas preferências partidárias. Portanto, a atitude do "Estadão" seria natural, não fosse pelo fato de ter sido tomada à sete dias das eleições, tendo passado até este momento a ideia de que estava fazendo um jornalismo apartidário. Fiquemos à espera da confissão dos outros jornais da velha imprensa, como a Folha e O Globo, que embora tardia, serviria para dar um pouco de dignidade às suas matérias políticas disfarçadas de "isenção jornalística".





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