País valoriza o ranking da Economia e menospreza o IDH

No fim do ano passado, durante um discurso na inauguração de obras no Rio Grande do Sul, o presidente Lula afirmou que o país chegaria entre as 5 maiores economias do mundo em 15 anos. No entanto, não fez menção à 75ª posição do país no IDH...

É um fato notório que o governo do presidente Lula tem contribuído para retirar da faixa de pobreza um número significativo de brasileiros, através de programas como o Bolsa Família e a geração de um número recorde de empregos. Entretanto, continuamos seguindo uma diretriz econômica que favorece as grandes corporações financeiras e empresariais em detrimento da grande massa de trabalhadores, que continua carregando o país nas costas através de severos impostos, que não retornam em serviços e benfeitorias ao cidadão. É nesta lógica que o país almeja subir no ranking das maiores economias do mundo para o 5º lugar, enquanto continua a se posicionar no 75º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano.

Sabemos que uma economia segura, robusta e de mercado favorece a especulação financeira do capital estrangeiro, que vê no país, deste modo, um paraíso para investir e fazer engordar o seu capital apátrida. Entretanto, esse tipo de investivento volátil e artificial, além de desaparecer como um raio ao menor sinal de crise (é um investimento que tem humor e se irrita facilmente, preocupando babás-presidentes de Bancos Centrais mundo afora) também tem a desvantagem de favorecer meia-dúzia de especuladores em vez de uma maioria de contribuintes pagantes de impostos. Não é por acaso que este tipo de investidor defenda o Estado Mínimo, que não interfira na farra especulativa dos cassinos que se tornaram as bolsas de valores destes países, inclusive o Brasil. É este país que almeja agora se tornar a 5ª maior economia do mundo em 15 anos, de acordo com o presidente Lula. Os benefícios deste crescimento mal poderiam ser percebidos no seio do povo, que continuaria a padecer dos piores serviços públicos e das maiores taxas de impostos do planeta.

Por outro lado, o governo poderia valorizar um outro caminho. Por que não (e estamos sendo modestos na nossa meta) fazer o Brasil saltar da 75ª posição no ranking do IDH de 2009, para a 30ª, dentro deste mesmo prazo de 15 anos? Isto implicaria investimentos obrigatórios que o governo teria de fazer diretamente na melhoria do bem-estar de sua população, a começar pela Educação. Com maior índice de anos na escola e uma maior qualidade no ensino, o brasileiro almejaria melhores empregos, o que elevaria a riqueza nacional, impulsionando naturalmente a economia pelo viés ideal. Ganhando bem, comeria-se bem e então mais um outro índice poderia ser melhorado: o da expectativa de vida. Somando-se a estes fatores, investimentos na área de Saúde Pública e saneamento básico, em 15 anos poderíamos perfeitamente estar entre os 30 primeiros colocados do IDH - hoje a 30ª posição do ranking pertence a Brunei.

Desta forma, podemos perceber o quanto o foco e a meta do país estão distorcidos, procurando valorizar aspectos do mundo econômico, como risco-país, bolsa de valores, comodities, taxas de lucros na exportação de produtos primários, taxas de câmbio, poder de compra, etc. e deixando de lado aspectos da vida social, como educação, cultura, saúde, trabalho, qualidade de vida, seguridade social, entre outros.





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