Spray de pimenta é a nova tortura de policiais sádicos

Especialmente na época da ditadura civil-militar brasileira, as polícias atuavam em cooperação com o Exército na repressão a atos políticos, considerados movimentos subversivos contra a ordem conservadora-burguesa das elites. Faziam parte da rotina a captura, a prisão, a arbitrariedade, e principalmente, a tortura de cidadãos inocentes. São repletos os casos divulgados pela Comissão da Verdade nos últimos anos.
 
A ditadura acabou — pelo menos oficialmente — e com ela chegou a democracia e o Estado de Direito — pelo menos em tese — mas a nossa polícia, pasmem, continua a mesma. É lógico que, em pleno século XXI, não temos mais como capturar subversivos comunistas por aí, mas na democracia burguesa, qualquer movimento popular, pacífico, que junte meia-dúzia de manifestantes, já é motivo de medo e repressão. E lá vai a polícia cumprir o seu velho papel de cão de guarda das classes médias.
 
Hoje não temos o pau de arara, o telefone na orelha, o banho de mangueira, o choque e a queimação com ponta de cigarro. Mas temos o spray de pimenta, lançado indiscriminadamente às vistas — e nos olhos — de todo mundo ao bel prazer dos guardas.
 
Desenvolvido pelo FBI na década de 80, essa arma considerada pelas autoridades como “não letal” à base de óleo de pimenta é proibida em vários países, como na Austrália, pois pode causar a morte de pessoas com problemas respiratórios ou se combinada com algumas condições específicas, como a prisão em lugares fechados. A União das Liberdades Civis Americanas afirma ter documentado pelo menos 40 mortes pelo uso de sprays de gás-pimenta.
 
A Anistia Internacional emitiu um comunicado em 1997 em que considerava o spray de pimenta uma arma de tortura. No Brasil cada vez mais aparecem relatos de uso indiscriminado dessa arma pelos policiais militares, especialmente no Rio de Janeiro. Policiais despreparados, desorientados, violentos, que parecem ter o prazer de torturar a população sem o menor pudor, nos fazem um link direto com o passado de arbitrariedades da ditadura militar.
 
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Se o Brasil quiser entrar para o rol das nações civilizadas de uma vez por todas, deve começar de cima, educando os agente de segurança, ensinando-os a respeitar a população que paga os seus salários. Não podemos ser vítimas de animais fardados como esses, quando um policial incompetente se acha no direito de jogar spray na nossa cara. Eu já vi métodos mais velados de fechar os olhos da população para os nossos problemas cotidianos, mas nada tão explícito quanto o uso de spray de pimenta na cara.




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