Abusos do agronegócio: os transgênicos em xeque

agronegocio-sojaO agronegócio representa hoje uma das maiores forças econômicas e políticas no mundo capitalista. Ainda mais no Brasil, país onde a concentração de terras é histórica e quase 3 por cento da propriedade rural são enormes latifúndios que cobrem mais da metade de extensão territorial agricultável do país (56,7%), segundo dados do IBGE de 2006. Essa força se expressa em pressão no governo, que permite que seus negócios sujos sejam mais relevantes que a saúde da população brasileira.

Um dos maiores mercados do agronegócio é a área de sementes transgênicas e agrotóxicos. Aqui também se verifica um oligopólio que gera bilhões de lucros para grandes proprietários, sem a menor preocupação com as consequências a longo prazo para saúde dos consumidores.

Estudo comprova que transgênicos causam câncer em cobaias

Recente pesquisa publicada no Food and Chemical Toxicology Review, importante publicação científica, reacendeu o debate sobre os perigos deste tipo de alimento modificado geneticamente. Cerca de 200 ratos-cobaias foram alvo de uma experiência durante dois anos, separados numa dieta com milhos transgênicos do tipo NK603 – um dos mais consumidos no mundo – enquanto outros grupos se alimentavam somente de milho natural. O grupo dos transgênicos apresentou 3 vezes mais casos de câncer, sendo que os primeiros tumores surgiram depois de 4 a 7 meses de testes. Curiosamente, os órgãos de fiscalização pelo mundo exigem apenas 3 meses de testes para aprovar um produto transgênico... Coincidência?

rato
Ratos da experiência apresentaram tumores ao se alimentar com transgênicos
Cientistas que estudam os riscos dos produtos transgênicos e que consequentemente causam um grande inconveniente para as poderosas indústrias de biotecnologia costumam ser ameaçados e ter suas carreiras prejudicadas, como no caso do bioquímico Arpad Pusztai, que em 1998 foi forçado à aposentadoria pelo Instituto Rowett, um dos mais renomados da Grã-Bretanha, após divulgar efeitos do consumo de batatas transgênicas em ratos de laboratório, e de Ignacio Chapela, professor na Universidade de Berkeley, nos EUA, que publicou na revista Nature uma pesquisa demonstrando a contaminação de variedades tradicionais de milho no México (centro de origem da espécie) por transgênicos, entre outros casos.
Infelizmente a grande mídia, patrocinada pelas multinacionais do agronegócio, não está do nosso lado. Não contem com ela para divulgar este tipo de assunto lesivo ao interesse dos grandes negócios capitalistas. Cabe a nós mesmos tomar ciência dos fatos, porque somos vítimas diretas deste abuso do poder econômico, num país que é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e o segundo maior produtor mundial de transgênicos, onde 80 por cento da soja já é modificada geneticamente, enquanto o milho e outros produtos vão pelo mesmo caminho.




Comentários

Gostou do blog e quer ajudar?

Você também poderá gostar de:

Comunistas não podem usar iPods ou roupas de marca?

Qual é o termo gentílico mais adequado para quem nasce nos Estados Unidos?

Singapura, exemplo de sucesso neoliberal?

CBF reconhece o título do Flamengo de 1987. Como se isso fosse necessário

O mito do livre mercado: os casos sul-coreano e japonês