Adiado para 2016 o Novo Acordo Ortográfico

O governo brasileiro resolveu adiar para 2016 a vigência do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, já utilizado por setores públicos e privados brasileiros desde o final de 2008 e previsto inicialmente para ser adotado definitivamente em 1º de janeiro de 2013. Com a medida, a duas formas de ortografia, a antiga e a nova, serão utilizadas simultaneamente durante mais 3 anos.

Os portugueses, seja por razões nacionalistas, políticas ou sentimentais, resistem mais à implementação do acordo, que foi discutido no longínquo ano de 1990 e ratificado em 2008 por todos os países lusófonos. Por causa disso, o governo português definiu um prazo maior para a sua implementação definitiva: 2014. O Brasil vem adotando mais fortemente as mudanças, mas mesmo assim, o governo decidiu adiar a implementação definitiva do novo acordo para dois anos além do estipulado pelos portugueses.

Esse adiamento não tem uma explicação convincente das autoridades. A alegação oficial é de que “há muita insatisfação” e assim “se ganharia mais tempo para discutir as mudanças”. Novas propostas poderiam ser feitas, e as mudanças previstas poderiam ser revogadas. Enfim, uma tremenda confusão.

Livros já foram editados com a nova ortografia, concursos já foram feitos com a nova ortografia, a imprensa escrita já está perfeitamente adaptada à nova ortografia, e no entanto, ainda querem discutir a nova ortografia, depois de quase 23 anos de reuniões e discussões desde 1990?

A principal razão não dita é que os portugueses, de modo geral, não aderiram ao novo acordo, emperrando a sua implementação simultânea entre os países. Muitos deles afirmam que não vão deixar de escrever como escrevem nem com a entrada em vigor do acordo. E o governo brasileiro acha que entrar no ritmo lento de Portugal vai causar menos embaraços e ser bom politicamente, para não dar a ideia de que a “colônia do Brasil está invertendo os papéis [sic] e impondo sua ortografia à sua metrópole, verdadeira pátria-mãe e guardiã da pureza da língua”, que é o grande receio de muitos portugueses.

Por este prisma, mais três anos não parecem ser suficientes para mudar uma mentalidade tão entranhada no imaginário português, e se a ideia for esta, este acordo pode estar rumando fragorosamente para o fracasso.





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