Eleições em Honduras e o sistema eleitoral liberal

 Eleicoes em Honduras

Neste último domingo aconteceram eleições presidenciais em Honduras, e não obstante todas as pesquisas apontarem Xiomara Castro, do partido Libre, como vitoriosa no pleito, as autoridades já anunciam o candidato conservador da situação, Juan Hernández, como novo presidente do país, depois de 68 por cento dos votos apurados.

Não por acaso, começaram a surgir diversas denúncias de fraudes e irregularidades vindas dos partidos de oposição ao governo conservador hondurenho, o qual pertence o candidato apontado como vencedor. Manuel Zelaya, ex-presidente hondurenho deposto com um golpe de Estado pelas forças reacionárias hondurenhas em 2009 e marido de Xiomara, já anunciou que seu partido não vai aceitar o resultado, e nisso conta com o apoio de outro candidato, do partido Anticorrupção (PAC), Salvador Asralla.

Apesar das graves denúncias e dos fortes indícios que levam a crer que a apuração dos votos nas eleições hondurenhas ocorreram de forma suspeita, os Estados Unidos trataram de se manifestar imediatamente a respeito do resultado. O embaixador estadunidense no país disse que as eleições foram limpas e pediram que os candidatos respeitassem o resultado, assim como já tinham reconhecido a eleição de Porfirio Lobo, atual presidente, depois do golpe de Estado contra Manuel Zelaya, ao contrário da maioria dos membros da Unasul na ocasião.

É claro que eles pediram. A eleição, fraudulenta ou não – isso é o que menos importa pra eles – os favorece. O candidato supostamente eleito assume em janeiro e, sendo da situação, promete manter o governo de joelhos aos interesses do mercado no país, como Porfirio Lobo. Além disso, ainda tem a conveniência de representar a derrota das forças de esquerda no país, representadas pelo ex-presidente Zelaya e sua esposa candidata.

Presidente MaduroAgora vamos comparar, a título de ilustração, a eleição de Honduras com a venezuelana. O sistema eleitoral da Venezuela é, certamente, um dos mais vigiados e fiscalizados do planeta, porque as forças internacionais do capitalismo são ávidas para encontrar o menor indício de irregularidade, para deslegitimar perante o mundo o governo do socialismo bolivariano. No entanto, todos os observadores internacionais são obrigados a reconhecer: não existe a menor suspeita quanto ao sistema eleitoral venezuelano. Apesar disso, o governo dos Estados Unidos pensou, pensou, e mesmo assim resolveu não reconhecer a eleição do governo Maduro em abril deste ano.

A lição que podemos tirar desses fatos é que o sistema eleitoral burguês não foi feito necessariamente para dar voz aos interesses do povo. Ele foi criado para dar a impressão de dar voz aos interesses do povo. Pois basta estes interesses irem de encontro aos interesses do capital, para que se lancem medidas que vão desde a propaganda caluniosa, passando por fraudes eleitorais e chegando a golpes de Estado.

Isso nos faz refletir sobre a suposta eficiência do voto no sistema liberal como instrumento de representação dos interesses de uma sociedade. Como podemos acreditar nele, quando um povo está sujeito ao que acontece neste momento na apuração dos votos em Honduras, com o total beneplácito de umas das maiores potências ditas “democráticas” do mundo?





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