Fecha-se o círculo de um golpe perfeito contra Lula. Possível embate Ciro e Marina em 2018.

 

Todas as críticas construtivas que nós, da verdadeira esquerda, sempre fizemos ao PT no poder foram solenemente ignoradas. Pior, foram tomadas cinicamente como a serviço da direita. Passados 14 anos de alianças e concessões com o que há de pior na política nacional — basta lembrar que Cunha, Temer e Bolsonaro eram de partidos da base aliada — hoje o PT está prestes a colher os maus frutos do que plantou.
 
Desenha-se um exímio golpe na política nacional, com o judiciário, o Congresso e as mídias perfeitamente coordenadas na campanha do Impeachment, mesmo utilizando-se de argumentos frágeis e inconsequentes. No entanto, o governo, enfraquecido pela personalidade passiva da presidenta, somado ao afastamento dos movimentos sociais e do eleitorado progressista, traídos desde o primeiro dia do segundo mandato, além da massa de beneficiários de programas sociais do governo que não foram devidamente mobilizados, vai cair como um castelo de cartas, sem lutar, sem ir para a batalha.
 
O golpe, tentado desde que Aécio covardemente não reconheceu a derrota nas urnas, começou a ganhar força com a mobilização do PMDB para sair da base do governo, com as investigações da Lava Jato, depois teve a mão do STF, passou pela "descoberta" das tais pedaladas fiscais no Congresso, e por conta de uma vingança chantagista do presidente da Câmara, teve o Impeachment colocado em votação. Agora o Impeachment está sendo debatido no Senado.
 
Duas opções se apresentam no horizonte: o governo cair nas mãos do vice-presidente Michel Temer, que já fala inclusive como mandatário da nação, ou o Senado propor uma medida de "consenso" — menos para o vice golpista — que seria a realização antecipada de eleições presidenciais esse ano.
 
No entanto, para o golpe não correr risco de ir por água abaixo com uma possível candidatura de Lula e sua provável eleição, é preciso arrumar um jeito de impugná-lo. E isso o Procurador Geral da República já tratou de antecipar, pedindo abertura de inquérito no STF contra Dilma e Lula. Pra não ficar muito descarado, pediu também a de Aécio e Eduardo Cunha, mas todos sabemos o que vai acontecer. Os protegidos do sistema se safam, e os perseguidos se danam.
 
Com a possível impugnação ou até prisão de Lula, os golpistas veem o caminho livre para 2018. Mas existe uma questão. Tanto quanto a esquerda, a direita carece de um nome de peso no cenário nacional. Temer do PMDB tem a rejeição batendo na estratosfera; Alckmin e Serra são do odiado PSDB; Bolsonaro é uma figura caricata tal como Enéas Carneiro: seus eleitores não ultrapassam certo limite de lunáticos; resta ao poder econômico e às classes dominantes apostarem num nome "fresco", aparentemente neutro, uma "renovação na política" para aqueles cansados da polarização do PT e do PSDB: Marina Silva.
 
E a esquerda?
 
Eu, como muitos membros da ala esquerda, tenho minhas próprias convicções políticas. Mas às vezes é preciso analisar as conjunturas que se apresentam, e extrair delas algo positivo. Ciro Gomes, se vier mesmo a ser candidato pelo PDT, tem duas vantagens: primeiro, arcabouço e experiência política para desmascarar a Marina "neutra"; e segundo a força que faltou à Dilma para implementar as políticas progressistas que vem defendendo nos últimos tempos. E com o possível impedimento de Lula, seu caminho fica ainda mais aberto para o crescimento nas pesquisas.
 
Marina pode se beneficiar do golpe. Ciro Gomes pode ser o efeito colateral indesejável dos golpistas
 
 
O jogo ainda está sendo jogado, e muita coisa pode acontecer até 2018, mas o embate Ciro e Marina é o que vem se desenhando no cenário.
 
E você, em quem apostaria para a presidência em 2018?




Comentários

  1. Haverá um embate entre esquerda e direita.
    Ciro e Marina são esquerda.
    Quem será que eles irão enfrentar no segundo turno?

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    Respostas
    1. Marina deixou de ser de esquerda no momento em que ganhou o apoio dos empresários e do banco Itaú. É com ela que a direita vai. Assim como foi com o Lula em 2002.

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