Chantagem neoliberal: governo Temer quer fazer com os Estados o que o FMI faz com os governos


Quem ficou ou tem ou teve parentes internados em hospitais públicos sabe que essas instituições estão bastante infiltradas de religiosos, especialmente evangélicos. Espertamente, eles descobriram que podem angariar mais fiéis apelando para o momento de maior instabilidade emocional de uma pessoa, o momento em que ela está na dúvida entre a vida e a morte. A assistência oferecida tem como contrapartida o sentimento de dívida para com deus. Afinal, para os mais suscetíveis, a graça da cura fora conquistada com a mãozinha dos seus representantes na Terra.

A partir dos anos 80 o FMI passou a adotar esse tipo de chantagem, não emocional, mas financeira. No momento de maior aperto econômico das nações, os empréstimos passaram a ser condicionados a aplicações do receituário neoliberal na economia: queda de barreiras tarifárias a produtos importados, privatizações de empresas estatais, arrocho salarial de funcionários públicos, entre outras medidas.

Michel Temer mostra a que veio

Mal podendo esconder que veio ao poder para servir aos mesmos interesses do mercado internacional, o ilegítimo governo Temer resolveu aplicar no âmbito interno aquilo que os evangélicos aplicam nos hospitais e o FMI aplica no âmbito externo: chantagem.

Aproveitando-se da crise que alguns dos Estados brasileiros enfrentam, muitos deles por conta da total irresponsabilidade fiscal como no caso do Pezão no Rio de Janeiro (do mesmo partido do presidente, diga-se de passagem), o governo federal propôs 3 anos de moratória, para que estes Estados possam organizar suas finanças. A contrapartida? Privatizar empresas estatais, aumentar a contribuição de inativos e suspender o aumento de salários do funcionalismo. Temer deixaria os representantes do Consenso de Washington orgulhosos.

A estupidez em insistir no que dá errado

Chega a ser inacreditável como as classes dominantes brasileiras, através de seu braço político no governo, são estúpidas o suficiente para apostar numa receita já testada e reprovada no mundo como retumbante fracasso, que apenas se sustenta com muita propaganda ideológica nas mídias e repressão policial nas ruas. Nos anos 90 muitos países, especialmente na América Latina, disseram um clamoroso NÃO ao neoliberalismo, que, na prática, representou a eleição de presidentes de vieses progressistas, como Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, Lula no Brasil, entre outros.

Com o apoio da mídia alinhada com o mercado financeiro e classe empresarial, alguns destes países vêm sofrendo reviravoltas com a ascensão de novos representantes do neoliberalismo mundial. Como característica, apresentam nenhum respeito pelo processo democrático eleitoral ou apelam para agitações sociais e golpismos, tudo para ver de volta a predominância do mercado capitalista sobre os interesses do cidadão.

http://panoramicasocial.tumblr.com/post/159432668336/sip-onde-se-forma-o-consenso-da-imprensa

No Brasil Aécio Neves é o típico representante dessa corrente. Na Argentina, o presidente Macri e sua agenda neoliberal estão trazendo de volta os piores anos da época Menem/Cavallo, e a população já está nas ruas. Na Venezuela, o governo Maduro enfrenta um parlamento golpista que apela até a países estrangeiros para uma intervenção militar. E na recente eleição presidencial no Equador, o candidato da oposição e banqueiro Guillermo Lasso deu uma de Aécio e não reconheceu o resultado soberano das urnas que elegeu o candidato da situação.

http://panoramicasocial.tumblr.com/post/159432967546/o-fantasma-do-neoliberalismo-está-de-volta-entre

As táticas são as mesmas, os projetos, os mesmos. Líderes políticos bem nascidos, ricos ou com ligações com os setores financeiros e empresariais, sem nenhuma ligação com o povo, tentam derrotar os governos progressistas e trazer de volta esse monstro do neoliberalismo no nosso continente. Quem adivinhar quem está por trás de tudo isso, apoiando, financiando e fornecendo o aparato ideológico que permeia nossos telejornais burgueses, ganha uma mariola.





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