Venezuela e Coreia do Norte: pelo direito de não se alinhar aos Estados Unidos sem sofrer retaliações

Trump destruindo o mundo

A livre determinação dos povos foi um dos maiores marcos do direito internacional conquistados pelos Estados soberanos.  A resolução da Assembleia Geral da ONU, n.º 2625 (XXV), de 24 de outubro de 1970, responsável por este acordo, trabalha em dois níveis. No nível “nacional” afirma especialmente o direito dos povos indígenas e da população em geral de buscar o seu bem-estar.

A nível internacional, define “o estabelecimento de relações amistosas entre os Estados, baseadas no respeito pelo princípio da igualdade soberana”. (fonte). É o direito de um povo à soberania e a liberdade de decidir, independentemente de influências estrangeiras, sobre sua forma de governo, seu sistema de governo e o seu desenvolvimento econômico, social e cultural. (fonte, artigo 1, parágrafo 1).

No entanto, muito antes e muito depois destas determinações, os Estados Unidos da América continuam violando constantemente a soberania e a liberdade de outros povos. Trump elegeu as bolas da vez: Venezuela e Coreia do Norte.

A alegação oficial é que aquele país norte-americano luta pela liberdade e pela democracia no mundo. Mas seria muita ingenuidade, mesmo para aqueles que não conhecem a história imperialista dos EUA, acreditarem nesse discurso. Em nome da liberdade e da democracia os Estados Unidos implementaram golpes e ditaduras na América Latina, derrubaram líderes que lutavam pela independência dos seus países pelo mundo afora, e até recentemente, sob o pretexto de derrubar “ditaduras” no norte da África e no Oriente Médio, patrocinaram grupos de fanáticos islâmicos que trouxeram o caos no Iraque, Afeganistão, Libia, entre outros.

Foram e são amigos das maiores ditaduras do planeta, desde que sejam alinhadas com seus interesses capitalistas, como o Chile de Pinochet e a Arábia Saudita dos príncipes do petróleo. E agora querem levar a liberdade e a democracia para a Venezuela e Coreia do Norte. Alguém ainda acredita?

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Venezuela não pode ter governo popular

Se o governo da Venezuela passa dificuldades é por causa de uma parcela da população, a classe média reacionária e a alta burguesia acostumadas a mamar nas tetas do petróleo venezuelano, que não aceitam um governo de cunho popular, que distribui a renda e que é sabotado de todas as formas, desde ao manipulável preço baixo do petróleo internacional, que cria imensas dificuldades à economia do país, até os empresários locais que estocam alimentos para criar o clima de convulsão social propício à baderna geral.

A partir do momento em que os EUA se meterem nos assuntos internos desse país, além de estarem cometendo um crime internacional, estarão contribuindo para colocar os capitalistas burgueses locais no poder, para vender petróleo barato aos EUA em troca de reconhecimento do governo golpista. Exatamente como no Brasil e nosso pré-sal, com a diferença que aqui não temos um povo instruído politicamente que possa ir às ruas enfrentar na mão os reacionários vendilhões da classe média que apoiam o golpe.

Coreia do Norte impedida de ter seu próprio caminho

Já o caso da Coreia do Norte é um pouco diferente e complexo. A Guerra Fria ainda parece ser o pano de fundo da divergência estadunidense com o país norte-coreano, onde todo país não alinhado com os interesses do liberalismo econômico mundial é considerado uma ameaça. Kim Jong-un é tratado como um louco ditador que manipula a população e coloca em risco a segurança do planeta. Mas a verdade é que o povo norte-coreano não é mais e nem menos manipulado do que o próprio cidadão dos Estados Unidos, estupidificado por uma mídia alinhada com os interesses do governo e do capitalismo, que mente sobre armas de destruição em massa e usa da desinformação como forma de garantir o apoio da população às inúmeras intervenções armadas dos EUA pelo mundo.

Veja mais: Conheça a farsa que levou os Estados Unidos para a Guerra do Golfo em 1991

O próprio governo norte-coreano é alvo das maiores mentiras que a mídia internacional pode produzir, que vão desde a obrigação de todo cidadão cortar o cabelo igual ao do seu líder, passando por crises de abastecimento nos mercados até assassinatos de parentes do líder local que aparecem bem vivos no dia seguinte.

Com relação ao poderio nuclear norte-coreano, alguém poderia culpá-los? Com certeza Kim Jong-un aprendeu com o erro fatal de Muamar Kadafi, que entrou em acordo para reduzir seu arsenal bélico e no fim foi arrastado pelas ruas e trucidado pelos “opositores” alinhados com os Estados Unidos, entregando a Líbia ao caos e à destruição.

Se existe algum país que represente um perigo para a ordem internacional, esse país é os Estados Unidos. Se existe algum líder louco e irresponsável a ponto de colocar o mundo na beira de uma guerra, esse líder se chama Donald Trump. Todos os países devem ter o direito de seguir o seu rumo sem serem atacados por ninguém em nome da riqueza e dos interesses políticos de terceiros.





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