Choque de ultraliberalismo vai aumentar abismo social entre as classes no Brasil





A colossal desigualdade social brasileira é bem conhecida, mas vinha diminuindo de ano a ano desde 2002, como prova o Índice de Gini. Como parte das políticas públicas do governo Lula, milhões de brasileiros pobres ascenderam alguns degraus na pirâmide social, com a intervenção direta do governo através de programas sociais.

Além destas medidas emergenciais, Lula preparou o terreno para o futuro das classes mais baixas: abriu as portas das Universidades federais para que negros e pobres das grandes periferias pudessem ter uma formação antes limitada apenas à alta classe média.

É muito óbvio que, à longo prazo, estas medidas trariam consequências positivas nos arranjos históricos dessa nação dividida entre vilipendiados e privilegiados. Daqui a, por exemplo, 30 anos, já não seria mais tão fácil distinguir esta diferença olhando a cor da pele ou a origem social, como é hoje.



E isso a nossa alta classe média não perdoa. Guardiã do conservadorismo, ou seja, das coisas como devem ser/estar, e, segundo Jessé Souza, infantaria das classes dominantes, infiltradas nas instituições de poder do país, ela reagiu.

Já trouxemos aqui em outras postagens como estes setores na política, no judiciário, nas Forças Armadas, na mídia e etc. se articularam de forma muito bem feita para destruir o PT e colocar no poder um dos seus filhos mais diletos, saído diretamente do seu seio, seu maior e melhor espelho: Jair Bolsonaro.

Veja mais em:
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E a tragédia que se apresenta agora, não é a diminuição, mas o aprofundamento da desigualdade social brasileira, por conta da implementação das bases neoliberais já no governo Temer, com a famigerada lei do teto de gastos.

Desde 2015 o Índice de Gini mostra a interrupção da queda da desigualdade pela primeira vez depois de 15 anos históricos.

O que podemos esperar do próximo governo, principalmente do "superministro" Paulo Guedes, aquele que deve realmente reger a orquestra por trás das cortinas?


Se depender dele, os pobres, e, por que não, a própria classe média deste país deveriam se preocupar. Legítimo "Chicago Boy", doutrinado naquela universidade estadunidense e com experiência na abertura econômica neoliberal da ditadura chilena de Augusto Pinochet, Paulo Guedes está pronto para levar às raias do inferno a vida destas camadas sociais com choques de ultraliberalismo que vão criar um verdadeiro Grand Canyon de desigualdade social no Brasil.

Com uma política econômica totalmente voltada para o mercado, o futuro ministro prometeu, em evento do MBL em São Paulo, manter o teto de gastos e assim cortar ano após ano as verbas da área social. Segundo ele, o modelo "social-democrata" é um "inferno para os investidores". Seria altamente cínico, se não fosse sincero. De fato, nunca foi segredo que o braço-direito (e esquerdo, e as pernas e quem sabe até a cabeça) do próximo presidente se tornará num funcionário público a serviço exclusivamente do setor privado financeiro no governo.

Resta saber duas coisas: quando as classes médias vão se arrepender de ter dado um tiro no pé por pura burrice, e segundo, até quando as classes populares, beneficiárias dos programas sociais, vão assistir passivamente seus direitos irem pro ralo nos próximos quatro anos. 





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