Mundo conhece Bolsonaro e reações vão de surpresa a decepção

A participação de Bolsonaro em Davos provocou diversas reações negativas entre jornalistas e especialistas em diplomacia no mundo. 
Bolsonaro almoça sozinho em Davos. O retrato de alguém que ninguém quer por perto

Desde ontem, com sua participação esdrúxula no Fórum de Davos, o mundo passou a conhecer melhor o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. E ele não decepcionou. Quer dizer, decepcionou muito, mas foi exatamente aquilo que as pessoas estavam esperando: um fiasco. E isso ficou bastante claro nas manchetes dos principais jornais do mundo hoje, resumido na descrição "big fail" (ou "grande fracasso" em tradução livre).

Nunca um político discursou por menos do que 10 minutos. Bolsonaro resumiu o seu em apenas 6. Não que não tivesse muitas dúvidas a esclarecer aos participantes, mas, no entanto, escolheu falar pouco para errar o mínimo. E ainda assim errou bastante. O mercado financeiro, o grande anfitrião de Davos, reagiu de forma negativa, e os reflexos do discurso pífio refletiram na bolsa e no dólar.

Mesmo tendo uma postura de total rendição incondicional aos preceitos do mercado, prometendo abrir as pernas do Brasil ao comércio mundial, nem mesmo assim Bolsonaro empolgou. Prometeu na meca do mercado livre um comércio "sem viés ideológico", ou seja, ao fim e ao cabo, um comércio não regulado pelo mercado e sim pela patrulha do Estado, que decide com quem o Brasil pode ou não pode fazer comércio. E essa postura ridícula, que pressupõe que até aqui o Brasil tem privilegiado nações em detrimento de outras para fazer comércio, promete justamente privilegiar nações em detrimento de outras para fazer comércio.

Esse viés totalmente radical do governo Bolsonaro, encarnado em Ernesto Araújo, um dos mais despreparados e lunáticos ministros das relações exteriores que se tem notícia no Brasil, já começa a ter efeitos catastróficos práticos para a economia nacional. Por uma escolha, mais uma vez, ideológica, de alinhamento servil aos interesses internacionais dos Estados Unidos, comprando animosidades que não são nossas, como por exemplo a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, o Brasil acaba de perder o maior mercado internacional para venda de frangos. A Arábia Saudita, numa clara retaliação ainda não assumida como tal, suspendeu a compra de 33 frigoríficos brasileiros.

Como consequência em cadeia, os frigoríficos não compram dos pequenos produtores de frangos ao redor do Brasil, que não compram a ração que os alimenta, paralisando diversos setores de uma vez.

Um tiro no próprio pé, fruto de uma visão tacanha, mesquinha e imbecil de isolamento entre "nós e eles", bem típico da diplomacia ianque, que começa a destruir a reputação mundial do Brasil tanto na diplomacia quanto na economia internacional. Fato que pode ser perfeitamente ilustrado com Jair Bolsonaro almoçando sozinho no fast-food de Davos enquanto os demais líderes mundiais confraternizavam e trocavam ideias entre si.

É o retrato do novo Brasil xiita.






Comentários

  1. Pra nós não há a menor surpresa. Só os ingênuos analfabetos políticos para acreditar que um "mito" iria salvar o Brasil não sei de quê.
    Agora vemos um medíocre na presidência enquanto o melhor presidente desde Getúlio é condenado praticamente à prisão perpétua.
    Nossas elites são de dar nojo na sua pequenez vira-lata.

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    1. Pois é Bárbara, ainda vamos demorar muito para aceitar o que essas pessoas fizeram com o Brasil nos últimos 5 anos. Uma auto-sabotagem difícil de engolir.

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