A depreciação do real e do Real

 

Preços da soja disparam para o consumidor

Quando um governo incita a controvérsia, a mentira e a dúvida, fazendo pouco caso da verdade, depreciando o real, nós já alertávamos que o dólar alto iria favorecer as exportações do agronegócio brasileiro, com a contrapartida negativa de prejudicar o mercado interno. Agora a coisa foi tão descarada, que ministério da economia dirigido pelo vendilhão Paulo Guedes quer vender a ideia da depreciação do Real como algo positivo para todo o país, algo até planejado e não fruto da obsoleta ideologia neoliberal que reina neste governo.

Com a cotação do dólar a R$5,50 neste dia 13 de outubro e com um constante viés de alta que já dura vários meses, os latifundiários brasileiros resolveram mirar no sedutor mercado internacional, desabastecendo as prateleiras dos nossos supermercados, assim atingindo dois coelhos: primeiro, vender carne e cereais a dólar e euro no exterior, ganhando muito na conversão; e também apostando nas velhas leis de oferta e procura para fazer a escassez de produtos no Brasil gerarem os atraentes preços elevados para os empresários do setor.

Muita gente já tem visto o resultado dessa prática no preço dos produtos da cesta básica, como óleo e arroz, por exemplo.

Agora olhem este absurdo: faz sentido um país que produziu na última safra 250 milhões de toneladas de soja — com uma população de 210 milhões de pessoas, o que daria uma média de mais de 1 tonelada do produto por habitante — ter nos seus supermercados um litro de óleo de soja vendido a 13 Reais??

Estas são as impiedosas leis do mercado capitalista: um país pode não ter nenhuma estratégia de segurança alimentar para sua população composta de mais de 30 por cento de pessoas vivendo na pobreza ou na miséria, permitindo que a soja produzida aqui seja vendida pra virar farelo de ração para porcos e frangos na China, porque dá mais dinheiro pra meia-dúzia de latifundiários que, se formos investigar bem, muitos deles nem direito às suas terras poderiam comprovar.

Mas se o governo é fraco e deixa tudo nas mãos invisíveis do mercado autorregulador, por outro lado temos um novo espírito do capitalismo contemporâneo que surge no horizonte: o chamado capitalismo consciente, que marginaliza e recrimina com sanções econômicas países que produzem agredindo o meio-ambiente, como o caso do Brasil.

É um movimento que está crescendo no mundo, e já deu o seu recado aos produtores brasileiros neste último mês de junho: 

 

Sete grandes empresas de investimento europeias disseram à Reuters que desinvestirão em produtores de carne, operadoras de grãos e até em títulos do governo do Brasil se não virem progresso rumo a uma solução para a destruição crescente da Floresta Amazônica.

Quando um governo cujos retrógrados ministros do meio-ambiente e da economia estão defasados com relação às novas tendências da dinâmica econômica mundial, é o capitalismo que tem que nos salvar do próprio capitalismo. 




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