A hipocrisia de Luciano Huck

Apresentador lembrou só agora que também é a favor da taxação de grandes fortunas


Recentemente o presidenciável Ciro Gomes foi na internet dizer aquilo que ele já vem dizendo há bastante tempo: a necessidade do Brasil taxar heranças e grandes fortunas para arrecadar receita, no momento em que o acéfalo presidente não sabe o que fazer. O Brasil é praticamente um paraíso fiscal para os ricos desse país, que usufruem de seus bens e suas riquezas sem pagar praticamente nenhum tributo sobre eles, ao contrário de países muito mais liberais que o Brasil ao redor do mundo.

E recentemente tem havido uma campanha para que o Brasil se ajuste às melhores práticas tributárias que vigoram nos países capitalistas, sendo o próprio Ciro um dos maiores defensores dessas taxações:

Agora pense numa analogia para a resposta que o próprio Luciano Huck deu no tweet do ex-candidato a presidente, só para podermos entender um pouco melhor: estamos em meados do século XIX, e os abolicionistas querem acabar com a escravidão. 

Existia então um coroné que o povo chamava de  Dotô Ruque, que desde que nasceu herdou e depois administrou fazendas da família com trabalho escravo, sendo o fruto da sua grande riqueza. Ele gostava de posar como justo e defensor dos interesses dos mais humildes.

Aí os abolicionistas vão para o jornal (o tweet da época) e lançam um manifesto contra os escravocratas, esses aproveitadores do trabalho alheio, que não contribuem para a sociedade a não ser se for do seu interesse próprio, citando nominalmente o coroné Ruque.

Eis que só então, depois de décadas de silêncio sobre o assunto, o coroné se manifesta a favor da abolição, achando uma "boa ideia"... 


É de uma hipocrisia tem tamanho. Ele seria o primeiro a libertar seus escravos na nossa analogia, mas só depois que fosse assinada a Lei Áurea, é claro!

O apresentador de TV, que nada mais é do que um mero cabaretier, aquele que geralmente é o dono de um circo e que apresenta os espetáculos dos verdadeiros artistas, jamais pegou, que se saiba, um centavo do que poderia ser um tributo dos seus bens, terras, imóveis, aviões e helicópteros para devolver aos cofres públicos, ou por conta de alguma possível burocracia legal, doar em alguma atividade social.

Agora devemos acreditar que o enternainer, caso o brasileiro ache pouco e cometa mais uma insanidade política, elegendo-o presidente, legislará contra si mesmo, taxando a si mesmo e à sua família, a seus congêneres podres de rico em seus bens particulares e suas heranças de família.

Loucura, loucura, loucura...




Comentários

Gostou do blog e quer ajudar?

Você também poderá gostar de:

Comunistas não podem usar iPods ou roupas de marca?

Qual é o termo gentílico mais adequado para quem nasce nos Estados Unidos?

Singapura, exemplo de sucesso neoliberal?

O mito do livre mercado: os casos sul-coreano e japonês

CBF reconhece o título do Flamengo de 1987. Como se isso fosse necessário