Rio de Janeiro tem oportunidade histórica de mudar o seu destino
A onda de terrorismo no Rio dá às autoridades a oportunidade histórica de nos livrar de uma vez por todas da violência e do tráfico de drogas.
A cidade do Rio de Janeiro, ao longo das últimas décadas, sofreu um processo cruel de abandono e empobrecimento, desde que deixou de ser distrito federal, sem nem sequer ganhar um centavo a título de compensação, como em outros casos pelo mundo afora. Logo a seguir, a fusão arbitrária da cidade (então Estado da Guanabara) com o interior foi ruim para a economia, que também veio a sofrer um processo de desindustrialização gradual. Não bastasse tudo isso, no final dos anos 80, o então senador José Serra nos fez o favor de tirar o ICMS do petróleo, num dos maiores absurdos cometidos por aquela Casa legislativa - que não foram poucas - ajudado pela omissão e incompetência de nossos representantes fluminenses.
Todo esse processo de empobrecimento do Rio de Janeiro desembocou numa onda de atividades criminosas a partir dos anos 70, alimentada pelo consumo e tráfico de drogas, que só fez crescer ao longo das décadas seguintes, sob os narizes dos sucessivos governos estaduais. Atrelada ao consumo e ao tráfico, veio a segunda onda, a da violência, que aumenta quanto mais ficam sofisticadas as armas e a ousadia dos bandidos. Todo esse processo, resumido até aqui, veio desembocar neste dia 25 de novembro de 2010, quando a violência atingiu o seu ápice histórico.
Desde o último domingo, a cidade tem assistido atônita a vários atos orquestrados de traficantes, que queimam veículos, fazem arrastões, atiram nas pessoas, espalham bombas, queimam pneus em barricadas, tudo isso em retaliação, de acordo com uma carta deixada por bandidos num dos pontos de ataque, à implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s) que vêm tirando o domínio das favelas das mãos dos traficantes.
A resposta da polícia foi imediata. Milhares de soldados, com o apoio de colegas de serviços burocráticos dos quartéis e daqueles de férias, estão nas ruas para impedir os ataques. Ao mesmo tempo, forças das elites policiais invadem os morros para caçar os responsáveis. Hoje, no dia mais agudo dos ataques, quando 30 veículos foram incendiados, o BOPE, com o apoio de tanques da Marinha, conseguiu invadir a favela da Vila Cruzeiro, numa megaoperação histórica, tomando das mãos dos bandidos uma das comunidades mais violentas e de difícil acesso da cidade. Cenas impressionantes veiculadas nas emissoras de TV mostram centenas de bandidos fugindo para a favela vizinha: o mais complicado, difícil e violento Complexo do Alemão (veja as imagens na reportagem no video abaixo). A polícia já avisou: vai atrás dos bandidos nos próximos dias, que neste momento estão cercados.
Eu ainda não coloco a mão no fogo pelas UPPs. Não sei se elas vão cumprir a sua meta, um tanto ambiciosa, de pacificar todas as comunidades dominadas pelo tráfico até 2014. Mais do que isso: se conseguirem, não sei se o projeto terá continuidade, num Estado onde tradicionalmente governadores eleitos destroem políticas públicas com a marca dos antecessores. Mas reconheço que é uma das melhores iniciativas das últimas décadas para tentar solucionar de vez um problema crônico do Rio de Janeiro, que é essa violência a reboque do tráfico de drogas. Não sou partidário nem eleitor deste atual governador, mas ao contrário dos meus colegas da esquerda, consigo enxergar boas medidas políticas daqueles ao qual não simpatizo politicamente. As autoridades e chefes de segurança têm nas mãos uma oportunidade histórica de nos livrar de uma vez por todas da violência do tráfico de drogas e destes rapazes semi-analfabetos que aterrorizam nossa cidade com armas pesadas nas mãos. Incursões policiais em comunidades carentes sempre deram muita polêmica e foram assunto de debates entre especialistas, a respeito do descaso histórico com populações negras e pobres, abuso policial de autoridade, execuções sumárias, entre outras coisas. Mas neste instante a coisa é mais complexa. A sociedade demanda uma solução urgente a uma afronta que já dura dias. O Estado tem que dar uma resposta forte, muito embora o Secretário de Segurança José Mariano Beltrame esteja coberto de razão quando diz que a repressão por si só não resolve, é preciso que outras instâncias de poder façam a sua parte, defendendo as fronteiras, impedindo a entrada de armas e drogas, enquanto mudam-se as leis, para que traficantes presos estejam totalmente isolados do resto da sociedade, impedidos de comandar ataques terroristas de dentro da cadeia. Dessa vez os bandidos foram longe demais e o Estado tem a chance de acelerar o processo de eliminação destas doença sociais que são o tráfico e a violência.
Nos próximos dias teremos momentos decisivos em que duas opções se configuram no horizonte. A primeira: os bandidos, acuados e cercados no Complexo do Alemão, se entregarão aos policiais, que terão então efetuado as prisões sem tiros, sem balas perdidas, sem perdas humanas. Hipótese menos provável. A segunda: já sem nenhuma perspectiva, sem nada a perder, eles reagem à incursão policial a tiros, obrigando os militares a empreender a maior matança de bandidos jamais vista no Brasil até hoje. Infelizmente a população da comunidade terá que conviver com mais estes derradeiros dias de terror, antes que a polícia possa fazer o seu trabalho, que culminará com a instalação de mais uma UPP na região. De qualquer modo, estaremos dando um grande passo para dar um golpe no poder paralelo que se instalou na cidade.
Vamos ver o que vai dar...
A cidade do Rio de Janeiro, ao longo das últimas décadas, sofreu um processo cruel de abandono e empobrecimento, desde que deixou de ser distrito federal, sem nem sequer ganhar um centavo a título de compensação, como em outros casos pelo mundo afora. Logo a seguir, a fusão arbitrária da cidade (então Estado da Guanabara) com o interior foi ruim para a economia, que também veio a sofrer um processo de desindustrialização gradual. Não bastasse tudo isso, no final dos anos 80, o então senador José Serra nos fez o favor de tirar o ICMS do petróleo, num dos maiores absurdos cometidos por aquela Casa legislativa - que não foram poucas - ajudado pela omissão e incompetência de nossos representantes fluminenses.
Todo esse processo de empobrecimento do Rio de Janeiro desembocou numa onda de atividades criminosas a partir dos anos 70, alimentada pelo consumo e tráfico de drogas, que só fez crescer ao longo das décadas seguintes, sob os narizes dos sucessivos governos estaduais. Atrelada ao consumo e ao tráfico, veio a segunda onda, a da violência, que aumenta quanto mais ficam sofisticadas as armas e a ousadia dos bandidos. Todo esse processo, resumido até aqui, veio desembocar neste dia 25 de novembro de 2010, quando a violência atingiu o seu ápice histórico.
Desde o último domingo, a cidade tem assistido atônita a vários atos orquestrados de traficantes, que queimam veículos, fazem arrastões, atiram nas pessoas, espalham bombas, queimam pneus em barricadas, tudo isso em retaliação, de acordo com uma carta deixada por bandidos num dos pontos de ataque, à implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s) que vêm tirando o domínio das favelas das mãos dos traficantes.
A resposta da polícia foi imediata. Milhares de soldados, com o apoio de colegas de serviços burocráticos dos quartéis e daqueles de férias, estão nas ruas para impedir os ataques. Ao mesmo tempo, forças das elites policiais invadem os morros para caçar os responsáveis. Hoje, no dia mais agudo dos ataques, quando 30 veículos foram incendiados, o BOPE, com o apoio de tanques da Marinha, conseguiu invadir a favela da Vila Cruzeiro, numa megaoperação histórica, tomando das mãos dos bandidos uma das comunidades mais violentas e de difícil acesso da cidade. Cenas impressionantes veiculadas nas emissoras de TV mostram centenas de bandidos fugindo para a favela vizinha: o mais complicado, difícil e violento Complexo do Alemão (veja as imagens na reportagem no video abaixo). A polícia já avisou: vai atrás dos bandidos nos próximos dias, que neste momento estão cercados.
Eu ainda não coloco a mão no fogo pelas UPPs. Não sei se elas vão cumprir a sua meta, um tanto ambiciosa, de pacificar todas as comunidades dominadas pelo tráfico até 2014. Mais do que isso: se conseguirem, não sei se o projeto terá continuidade, num Estado onde tradicionalmente governadores eleitos destroem políticas públicas com a marca dos antecessores. Mas reconheço que é uma das melhores iniciativas das últimas décadas para tentar solucionar de vez um problema crônico do Rio de Janeiro, que é essa violência a reboque do tráfico de drogas. Não sou partidário nem eleitor deste atual governador, mas ao contrário dos meus colegas da esquerda, consigo enxergar boas medidas políticas daqueles ao qual não simpatizo politicamente. As autoridades e chefes de segurança têm nas mãos uma oportunidade histórica de nos livrar de uma vez por todas da violência do tráfico de drogas e destes rapazes semi-analfabetos que aterrorizam nossa cidade com armas pesadas nas mãos. Incursões policiais em comunidades carentes sempre deram muita polêmica e foram assunto de debates entre especialistas, a respeito do descaso histórico com populações negras e pobres, abuso policial de autoridade, execuções sumárias, entre outras coisas. Mas neste instante a coisa é mais complexa. A sociedade demanda uma solução urgente a uma afronta que já dura dias. O Estado tem que dar uma resposta forte, muito embora o Secretário de Segurança José Mariano Beltrame esteja coberto de razão quando diz que a repressão por si só não resolve, é preciso que outras instâncias de poder façam a sua parte, defendendo as fronteiras, impedindo a entrada de armas e drogas, enquanto mudam-se as leis, para que traficantes presos estejam totalmente isolados do resto da sociedade, impedidos de comandar ataques terroristas de dentro da cadeia. Dessa vez os bandidos foram longe demais e o Estado tem a chance de acelerar o processo de eliminação destas doença sociais que são o tráfico e a violência.
Nos próximos dias teremos momentos decisivos em que duas opções se configuram no horizonte. A primeira: os bandidos, acuados e cercados no Complexo do Alemão, se entregarão aos policiais, que terão então efetuado as prisões sem tiros, sem balas perdidas, sem perdas humanas. Hipótese menos provável. A segunda: já sem nenhuma perspectiva, sem nada a perder, eles reagem à incursão policial a tiros, obrigando os militares a empreender a maior matança de bandidos jamais vista no Brasil até hoje. Infelizmente a população da comunidade terá que conviver com mais estes derradeiros dias de terror, antes que a polícia possa fazer o seu trabalho, que culminará com a instalação de mais uma UPP na região. De qualquer modo, estaremos dando um grande passo para dar um golpe no poder paralelo que se instalou na cidade.
Vamos ver o que vai dar...
Comentários
Postar um comentário
Faça seu comentário, sua crítica ou seu elogio abaixo. Sua participação é muito importante! Qualquer dúvida, leia nossos Termos de Uso