Classe média pode pedir golpe. Pobres não podem exigir justiça social

MANIFESTAÇÃO/FORA DILMA/AVENIDA PAULISTA

A parcela reacionária da população brasileira, levada de forma ensandecida às ruas por políticos irresponsáveis e uma mídia golpista, desde o fim das eleições, para pedir intervenção militar no Brasil, foi o tema do artigo de hoje na Folha, de Vladimir Safatle. O professor lembrou a ironia desse assunto estar em voga bem na véspera da conclusão do relatório final da Comissão da Verdade, prevista para ser publicada nesta quarta-feira.

Mas um outro detalhe importante trazido por Safatle diz respeito ao crime que se comete ao se pedir um golpe de Estado para eliminar as parcas conquistas democráticas que conseguimos granjear desde 1985, fato que me faz tratar do assunto mais adiante.

O que pensam os chefes militares

Há pouco menos de um mês, os três chefes das Forças Armadas comentaram com a jornalista Mônica Bergamo sobre o que pensavam dos ruidosos protestos pedindo Impeachment e Ditadura Militar, e se mostraram bastante tímidos, despreocupados e resignados com a atitude criminosa desta parcela de fascistas brasileiros.

O general Enzo Peri afirmou na ocasião que "Nós vivemos há muitos anos em um ambiente de absoluta normalidade". Já o almirante Julio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha, disse: "Os militares estão totalmente inseridos na democracia e não vão voltar. Isso eu garanto". O brigadeiro Juniti Saito, por sua vez, criticou os radicais: "São opiniões de extremistas", afirma, antes de sentenciar. "É algo impossível de acontecer. Só quem poderia tentar fazer isso é o pessoal da ativa. E, como nós não queremos nada nesse sentido, não há a menor chance de essas ideias evoluírem."

Espanta a tranquilidade com que os oficiais militares trataram do assunto. Afora uma guerra, talvez não haja tema mais caro aos militares de qualquer país do que insinuações de Golpe de Estado. Isso porque dentre as funções máximas das Forças Armadas, está a defesa da lei e da ordem, prerrogativa que os militares fizeram muita questão de manter na Constituição de 88. Ora, não seriam esses manifestantes fascistas “criminosos”, como afirma Safatle, justificando uma intervenção de natureza militar, não contra as instituições republicanas, como querem os golpistas, mas sim contra essa horda que desdenha da “ordem” que os militares tanto prezam, nem que sejam meras prisões e interrogatórios, como os militares brasileiros estão tão acostumados a praticar?

Ou será que a ordem não está em perigo quando são as classes médias que estão a clamar por golpes, e sim apenas quando as populações pobres e os movimentos sociais vão às ruas pedir justiça social? Acho que não há mais dúvida pra ninguém quanto a isso.





Comentários

  1. Oi Flávia,
    Eu concordo plenamente contigo. Se bem que, convenhamos, o segundo mandato, de fato, ainda nem começou. Vamos esperar que a presidenta nos surpreenda positivamente.
    Grande abraço e obrigado pela participação ;)

    ResponderExcluir
  2. Basta lembrar que Jair Bolsonaro foi o protagonista de uma das coisas mais bárbaras que se viu no Congresso nacional nos últimos tempos.
    E esse sujeito é o que a indústria da bala patrocina.

    ResponderExcluir
  3. E pelo qual eu espero que ele seja cassado.
    Grande abraço.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Faça seu comentário, sua crítica ou seu elogio abaixo. Sua participação é muito importante! Qualquer dúvida, leia nossos Termos de Uso

Gostou do blog e quer ajudar?

Você também poderá gostar de:

Comunistas não podem usar iPods ou roupas de marca?

Qual é o termo gentílico mais adequado para quem nasce nos Estados Unidos?

Singapura, exemplo de sucesso neoliberal?

O mito do livre mercado: os casos sul-coreano e japonês

CBF reconhece o título do Flamengo de 1987. Como se isso fosse necessário