A esquerda precisa descobrir a zona oeste do rio

Neste domingo (3/7), duas da tarde, a deputada federal e pré-candidata do PCdoB à prefeitura do Rio, Jandira Feghali, ficou de vir em Padre Miguel, bairro da zona oeste da cidade do Rio, num evento promovido pela CUT e por um coletivo de mulheres ligado ao partido. Não sei se de fato veio, pois, nunca acostumado com o mau hábito do brasileiro com relação a atrasos, cheguei no local na hora indicada, e até as 15:30h a distinta parlamentar ainda não havia chegado. Naquele momento a vontade de assistir o jogo do Flamengo falou mais alto e eu não aguentei mais esperar. Se eu soubesse o que seria o jogo, teria ficado mais um pouco…

O fato é que, com ou sem atraso, os possíveis candidatos a prefeito da cidade do Rio com características progressistas ignoram o potencial da zona oeste. Maior e mais populosa região, naturalmente também é a que concentra o maior número de eleitores.

Desde muito tempo a direita e os partidos conservadores ligados a seitas evangélicas fazem de bairros como Santa Cruz, Campo Grande, Inhoaíba, Paciência, Bangu e arredores, seus currais eleitorais. É daqui que saem os votos que elegem, por exemplo, um Eduardo Paes, um Cunha, um Pedro Paulo, um Pezão… Porque os políticos da região, geralmente de partidos nanicos que se vendem a coligações de quem paga mais — geralmente o PMDB, fenômeno que certamente se repete em diversas regiões do país — obtêm um verdadeiro monopólio da divulgação de material. Noventa e nove por cento de todos os santinhos e galhardetes apresentam um político da região numa fotomontagem ao lado de um desses citados políticos que dominam a política carioca e fluminense.

Há pelo menos 30 anos, basicamente os mesmos políticos, seus filhos e futuramente seus netos usufruem dos votos de uma população que só conhece a esquerda pelo que ouve falar na Globo, e acreditem, não são coisas boas.

É preciso penetrar de vez nos bairros da zona oeste, propor comitês, fazer palestras em universidades, clubes, comícios ao ar livre, carreatas… Mas, ao contrário dos coronéis que dominam a região, não apenas uma vez a cada eleição, e sim frequentemente, para que as pessoas possam conhecer de perto quem são os candidatos que podem fazer algo de diferente para essa gente sofrida.

Dizem que a cultura local é a do clientelismo, difícil de romper. Mas se você não tivesse nenhuma alternativa de pensar no coletivo e vivesse com necessidades imediatas, também não submeter-se-ia a essa prática? Antes de classificar toda uma região como adepta do clientelismo, é preciso oferecer uma reeducação política e opção de voto.

Quem se candidata?





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