A conta do PT pode estar chegando nessa eleição

Lula Dirceu e DilmaPrimeiro, foi o José Dirceu que, vitorioso como coordenador da campanha presidencial no pleito de 2002, virou as costas para as bandeiras históricas do Partido dos Trabalhadores, e deu uma guinada para agradar a elite nacional com a "Carta aos Brasileiros" (leia-se, carta ao mercado) com o Lulinha paz e amor dando mimos e cargos para os setores mais reacionários da política nacional. Tentou no governo ter as mesmas práticas condenáveis de décadas de má política das elites e classes dominantes. Tomou uma trolha de Mensalão no rabo no julgamento do STF pra perceber que jamais será um deles.

Agora Dilma foi bajular os religiosos no Templo de Salomão, atrás de umas migalhas de votos evangélicos e disse que "feliz é a nação cujo Deus é o senhor", jogando no lixo uma luta de setores favoráveis ao completo compromisso político com os princípios do laicismo, que ela nitidamente desrespeitou. Ironicamente, pelo que vem se desenhando na campanha presidencial, num eventual segundo turno ela perderia o posto de presidente com o voto dos evangélicos que se viraram para Marina, conforme as pesquisas têm demonstrado recentemente.

Parece que só quando perderem de vez as eleições, coisa que vem se desenhando fortemente a cada novo pleito, vão aprender que era bem melhor ter conquistado o eleitorado progressista, os jovens e os manifestantes de junho, que foram às ruas devido a uma completa insatisfação com o governo que se acomodou em atender às demandas do mercado financeiro, como inflação na meta, superávit primário, juros e outros índices caros aos capitalistas. E em vez de reconhecimento e diálogo com os setores populares, bateram palmas para bombas, gás de pimenta, tiros, acusações e prisões arbitrárias, transformando o Brasil num Estado autoritário que não ficou devendo em nada aos piores momentos da Ditadura Militar. Desde 2002, preferiram se prostrar de joelhos atrás do voto das alas mais conservadoras da sociedade – parcela que, além de tudo, os odeia pelo simples fato do que um dia eles representaram.

Um erro histórico cuja conta pode estar chegando agora, nessa eleição de 2014. Seria uma vergonha que os petistas teriam que engolir durante muitos e muitos anos, mas um castigo merecido, para quem achava que estava confortável no centro do espectro político-ideológico.





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