Projeto da prefeitura do Rio prolonga atuação do professor único no Ensino Fundamental

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Um projeto da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro vai dar o que falar: a intenção de manter um só professor lecionando várias disciplinas no 6º ano (antiga 5ª série) exatamente como é nas séries anteriores, quando a “tia” ensina todas as matérias. A ideia é manter os laços afetivos dos alunos com o seu professor, mas acredito que tenha mais coisa por trás dessa história.

 

Atualmente 53 turmas fazem parte deste projeto, numa espécie de laboratório. A intenção é ampliar este modelo para todas as turmas da rede municipal no ano que vem. Algumas pessoas como a secretária de Educação do Rio, Claudia Costin, acreditam que este sistema ajuda a manter o laço afetivo professor/aluno, porque crianças de 11 anos não estariam preparadas para a transição, mas pra mim isso é uma tremenda conversa fiada. Neste mundo acelerado de hoje, jovens de 11 anos numa grande cidade como o Rio de Janeiro, não estariam preparados psicologicamente para largar seus professores da alfabetização? A secretária deve estar delirando. Na minha antiga 4ª série a gente adorava demais a nossa professora Rozênia, mas tivemos que mudar de escola e de método de ensino, e nem por isso ficamos traumatizados ou coisa do gênero.

 

claudia-costin-300x168 Claudia Costin defende projeto estranho

 

Outra justificativa estranha é dada pelo professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse. Ele acredita que um único professor dando ciências, matemática e português favorece a “interdisciplinaridade”, já que “vai forçar que articulações entre disciplinas sejam mais presentes”. A meu ver isso é um erro, pois a interdisciplinaridade fica melhor caracterizada com a cooperação dos diversos professores em cada uma de suas disciplinas, buscando uma melhor integração entre elas, e não um único professor dando todas as matérias. Esse tipo de interação “forçada” não me parece a ideal.

Tudo isso nos faz pensar o que os alunos do 6º ano das escolas públicas municipais ganham, em termos de conteúdo e aprendizado, com um professor que dá um pouco de tudo e não se aprofunda em nada, enquanto seus colegas alunos da rede particular já começam a ter os primeiros contatos com as disciplinas como história, geografia, literatura, inglês etc. de forma mais ampliada. Não acredito que os cursos de pedagogia das faculdades preparem professores para dominarem todas as áreas de conhecimento. Mesmo para o 6º ano, cada matéria tem as suas peculiaridades, e cada professor aprendeu a fazer com que os alunos dessem os primeiros passos em suas respectivas disciplinas. Não quero nem levantar a hipótese de que a secretária de Educação esteja arrumando uma estratégia para baratear os custos com mão de obra na escola, mas no mínimo, ela está prejudicando a formação de jovens alunos do sistema público de ensino.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saber/907765-no-rio-um-so-professor-ensina-matematica-ciencia-e-portugues.shtml





Comentários

  1. Eu também não fiquei traumatizada ("ou coisa do gênero") com a mudança da 4ª para a 5ª série. Pelo contrário, foi uma novidade gostosa, uma motivação. Lembro de ficar empolgada com a sensação de não ser mais uma criança (medo também, mas um "medo bom", um friozinho na barriga). E de fato os assuntos ganharam uma maior profundidade, mais detalhes dos assuntos que aprendi nas séries anteriores, o que também acredito que não seria possível com a continuidade do professor único. E outra: não é só a interdisciplinaridade (essa característica que ficou "pop" com a adoção do Novo Enem) que importa. Foi quando passei a ter professores exclusivos de cada matéria que pude perceber com clareza quais eram as características peculiares de cada uma. Antes disso, por exemplo, mal saberia explicar a diferença entre História e Geografia. E o argumento sobre crianças de 11 anos não estarem preparadas para isso hoje também não me convence. As crianças hoje sequer são as mesmas de outros tempos. Se estávamos preparados, se isso não nos prejudicou, porque as prejudicaria? Isso realmente nos faz pensar numa outra intenção mais obscura por trás disso tudo.

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  2. é, meu amigo, isso está me cheirando a uma única exlicação: redução de custos.
    Não vejo outra.
    Abraço

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  3. Olá, Almir!!!

    Que coisa bizarra! Como tu bem disses, as crianças de 11 anos, numa cidade grande, já são bem interativas... Se nós, quando tínhamos essa idade, sobrevivemos, e bem, por que diabos vem agora uma secretária e faz essa 'marmotagem'? Querem acabar de vez mesmo com a escola pública... Isso aí tem coisa maior por trás... Só pode!!! Imagine, um único professor dar aulas para quinta séria, pois as disciplinas são em quantidade maior e mais completas, ele vai pirar! Além de não ter qualidade... Affff! Triste isso!! É igual a PORRA desse ENEM... Que agora joga a galera mala nos cursos... E depois os abandona... Prejudicando todo o sistema! Credo!!!

    P.S.: o blog cada vez melhor! super!

    T.S. Frank
    www.cafequenteesherlock.blogspot.com

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  4. Acho que a maioris dos profs são contra isso. Ficar horas numa sala só, se já é dificil ficar 50min numa sala bagunssenta de aluos desinteressados... afs para eles. Coitados. Isso cheira tbm a reduçao de custos.

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  5. Concordo com o Sandro "redução de custos"...Manter laço afetivo....Nunca se importaram com isso e não é agora que vão se importar...

    u.u

    Beijos, Misunderstood

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Oi Almir, tudo bem?
    Nossa!
    O que eles querem é uma Mulher-Maravilha, não uma professora.
    Será que ela vai ter braceletes superpoderosos para se livrar de projéteis de calibre tão alto?
    Abração amigo!
    Humoremconto
    http://anaceciliaromeu.blogspot.com

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  8. Almir
    Realmente em uma sociedade onde as pessoas acabem mais se vendo por na internet do que ao vivo e onde crinças se tornam anti-sociais por preferirem matar personagens na frente do PC do que jogar bola com os amigos, e cuja situação o governo nunca tratou dizer que quer manter os laços afetivos prfessor/aluno é uma disculpa bem esfarrapada.

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