Tragédia em Realengo reacende debate oportunista sobre o desarmamento

Escola Tasso Da Silveira - Realengo
Ainda no calor dos acontecimentos trágicos que vitimaram 12 crianças numa escola de Realengo (imagem à esquerda), políticos e setores oportunistas da sociedade que perderam no referendo sobre o desarmamento em 2005 tentam empurrar um novo plebiscito na goela da sociedade, pegando carona na comoção do ato bárbaro provocado por Wellington Menezes de Oliveira.


José Sarney foi o primeiro a levantar a hipótese de uma nova consulta popular depois do atentado: “Acho que devemos tomar uma iniciativa nesse sentido [de realizar um novo referendo]. Vou tratar disso na próxima reunião com os líderes dos partidos no Senado para ver se temos condição de votar imediatamente uma lei modificando o que foi decidido no plebiscito e fazendo outro plebiscito”
Ele alega que pretende mudar o “mal para o bem”, num completo desrespeito à decisão soberana das urnas em 2005, que refletiu a vontade da maioria da população (o resultado foi 63,94% dos votos válidos contra o desarmamento e 36,06% a favor).

jose-sarney Sarney tenta revogar decisão do povo em 2005 com novo referendo

Não podemos esquecer que, naquele ano, houve um grande debate nacional com a opinião pública e amplos setores da sociedade civil antes da votação. Propagandas obrigatórias na TV e rádio expunham os argumentos contra e a favor do desarmamento. O povo não embarcou na campanha toda bonitinha do “sim” (a favor do desarmamento) que contou com a adesão de atores e atrizes globais que moram em condomínios fechados e bem protegidos e matérias semanais na revista Veja induzindo o voto do eleitor. O “não ao desarmamento” venceu.
Seis anos depois, oportunistas querem aproveitar a sensibilização nacional por conta do atentado de Realengo para ver se, desta vez, conseguem impor o desarmamento ao país.

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Quem dera que eu pudesse chegar aqui e dizer que o Brasil é um país onde o cidadão de bem conta com a devida proteção policial, onde domicílios não são diariamente invadidos por marginais e que as armas em posse de civis servem apenas para cair em mãos erradas e causar acidentes. Além do mais, quem dera que eu acreditasse, como não acreditei em 2005, que o desarmamento afetaria os traficantes que ostentam as armas frutos de contrabando internacional ou corrupção policial - as verdadeiras razões principais da violência no Rio e no país. A verdade é que o povo entendeu que desarmar o cidadão de bem não resolveria a raiz do problema das mortes por armas de fogo no Brasil, causadas em sua maioria por quem tem o direito legal de usá-las (os policiais) e por quem vive à margem da lei - e que, portanto, não seria afetado pelo desarmamento (os bandidos, assaltantes e traficantes que não compram suas armas legalmente na loja da esquina).
Ressuscitar o referendo é um desrespeito à decisão soberana do povo brasileiro, fruto de um oportunismo barato que tenta se aproveitar do calor de um crime isolado feito por um louco - e que seria feito do mesmo jeito com ou sem desarmamento, já que o bandido conseguiu as armas de forma clandestina – para impor a vontade de determinado setor da sociedade.

fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/04/sarney-diz-que-vai-propor-novo-referendo-sobre-desarmamento.html




Comentários

  1. Concordo TOTALMENTE contigo Almir.
    Na época, estava viajando, foi única vez em que não votei e justifiquei na minha vida, viagem aliás que comentei um pouco coincidentemente no post anterior.
    Mas sempre vão aparecer os oportunistas de plantão, não vamos esquecer que esses caras vivem disso! E sabem fazer isso! Infelizmente.
    E como se o cara maluqinho esse que matou as crianças, não conseguisse de qualquer forma a arma se quisesse... claro que sim pôxa!

    Grande beijo meu amigo,
    ótima semana.

    Humoremconto
    http://anaceciliaromeu.blogspot.com

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    1. Senhorita Cissa, procure na internet sobre PL 3722/12. Ligue para o disque câmara e para o alô Senado e vote! Divulgue!

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  2. Fala, Almir!
    Assino embaixo tudo o que você disse: votei NÃO em 2005 e, caso tenha outro, votarei NÃO de novo. Ainda usarei sem qualquer cerimônia minha influência como professor para mostrar aos meus alunos - e tentar que eles mostrem a seus pais - que desarmar gente de bem não resolve nada.
    Não é de hoje que esse cidadão desrespeita o sistema democrático do nosso país, e é impressionante - embora não surpreendente - como ele ainda consegue continuar no poder.
    Abraço!

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    1. Senhor Sandro, procure na internet sobre PL 3722/12. Ligue para o disque câmara e alô Senado e vote! Divulgue também!

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  3. Fala Almir,
    Ótima matéria.
    É tão óbvio que o problema não está no desarmamento. Claro, é preciso fazer uma triagem novamente e verificar como anda a situação. Quem são as pessoas autorizadas pelo estado à portar armas. Isso é muito importante.
    Não seria diferente que num caso como esse, iriam aparecer os políticos que se dizem interessados na segurança da população, e jogarem suas hipocrisias goela abaixo da população que não entende nada do que acontece por aí.
    Quanto à esse crápula que cometeu os assassinatos, deve ser enterrado em pé para não ocupar espaço.
    Onde estão os hipócritas dos Direitos Humanos? Apareceu algum lá para os familiares das vítimas?
    Vou te falar, o Brasil me decepciona cada vez mais.
    Abraço.

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    1. Senhor William, procure na internet sobre PL 3722/12. Ligue para o disque câmara e alô Senado e bote! Divulgue!

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  4. Esqueci de completar:
    Maluco? De maluco esse assassino não tinha nada.
    Maluco não consegue ir comprar arma, não sabe usa carregador, não abre conta em rede social e não entra numa escola sem que alguém desconfie.
    Por acaso ele comia fezes, rasgava dinheiro e ou batia a cabeça contra a parede?
    Esse cara tem que ser enterrado em pé para não ocupar espaço.

    Abraço

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  5. Damas e cavalheiros! Solicito por gentileza que vcs pesquisem na internet sobre PL 3722/12. Liguem para o disque câmara e para o alô Senado e votem! Divulguem ao máximo! Obrigado!

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