Crise dos poderes é bom para o Brasil

Crise entre os poderes

Tudo começou quando um juizeco (nas palavras indignadas de Renan Calheiros) autorizou a Polícia Federal a fazer uma operação na casa do presidente do Senado e nas instalações da mesma. A Operação Metis resultou ainda na prisão de quatro policiais legislativos, acusados de obstruir as investigações da Lava Jato para proteger senadores e ex-senadores. Renan é investigado na Lava Jato, claro.

A resposta indignada do presidente do Senado à operação resultou na réplica da presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, embora de forma indireta. Disse ela que toda vez que um juiz é agredido, ela também é agredida. O embate continuou com a tréplica do presidente do Senado, dizendo que cabia a Ministra do Supremo a crítica ao juiz que teria usurpado prerrogativas do STF.

Provavelmente com medo da animosidade interferir negativamente nas suas acusações na Lava Jato perante o Supremo, Renan Calheiros pediu a intervenção do presidente ilegítimo. Este, com o novo hábito de resolver tudo com comida, resolveu marcar um jantar entre os membros dos três poderes para colocar ordem nesta casa da mãe Joana. No entanto, fazendo muito bem, a Ministra deu um migué qualquer e não foi ao banquete.

A quem interessa esse apaziguamento de ânimos, essa concordata entre o legislativo, o executivo e o judiciário?

Dizem que a paz é bom para o funcionamento das instituições, mas ao que parece, a intriga é muito mais!!

Segundo o jornalista Ricardo Boechat, o Supremo, presidido por Cármen Lúcia, pode adiantar os processos que Renan tem a responder na casa, inclusive de 2007; em contrapartida, o presidente do Senado ameaça desengavetar uma PEC que permite a demissão de juízes corruptos que, hoje, são “apenas” aposentados com direito ao total dos rendimentos. E como cereja do bolo, Michel Temer acredita que as más relações entre os poderes pode afetar negativamente o andamento da nefanda PEC 241, a mal afamada “PEC do fim do mundo”. O que podemos querer mais??

Rena e Michel querem a paz do rabo preso. “Não mexe comigo que eu não mexo contigo”. Querem a paz das negociatas. “Aprovem a PEC 241 que depois vocês terão benesses”. Como a concorrência dos cartéis, de fachada, combinada, que atenta contra o livre comércio, a paz artificial entre os poderes atenta contra a democracia.

Se o conflito é o que move a democracia, para que acordos a portas fechadas? Queremos mais é que o legislativo caia de pau no judiciário, que o judiciário arrebente com o executivo e que o executivo esculhambe com o legislativo.

A única coisa com o que eles não podiam esculhambar, foi justamente o que esculhambaram na cassação de Dilma Rousseff: A Constituição Federal. Agora tá valendo chute no saco e dedo no olho.





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